terça-feira, 29 de abril de 2025

Senhora dona Laura (off)




Ela, a senhorita Laura, dita minha dona, ontem me disse ter feito prova de trigonometria, fazendo-me pensar na medição dos três pratos de trigo para três tigres tristes. Adora matemática (finalmente!) e saiu daqui de casa com meu exemplar de "Pitágoras e a magia da Grécia antiga" e, de quebra, levou "O diabo dos números", livro que ela e o irmão já haviam lido, há tempos. Aos 15 anos, ela, que já quis ser muita coisa na vida, de psicóloga a dona de lanchonete gourmet na capital da França, agora se esmera nos estudos, já preocupada em fazer uma boa figura no ENEM.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Não falo, não ouço, não vejo (off)



Quis Ananda, a madrinha de Pedro que, vindo de Curitiba, passou quase dois meses de férias aqui conosco, recriar com seu afilhado, mais Laura e a mãe dos dois, minha filha Shirley - ou Sal, como é tratada desde a infância -, a clássica imagem dos três macaquinhos que não falam, nada veem e muito pouco ouvem. Pela foto, vocês entendem como tudo ficou, mas eu, que convivo com eles desde há muito tempo, vi algo surpreendente e nada ocasional ou por acaso. Acontece que Pedro é do tipo introspectivo e prefere amnter-se em silêncio quase sempre. Laura, por sua vez, sofre com a aguçada miopia e precisa usar óculos para conseguir enxergar alguma coisa e não raro ela aproxima um livro dos olhos a fim de decifrar a leitura. Quanto à mãe deles, que representou o "macaquinho surdo", de fato, ela tem uma significativa perda auditiva desde a adolescência, por questões que não cabem aqui. Por tudo isso, este Pai e Avô louvou bastante a iniciativa de Ananda.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Eis-nos de volta (off)



Há muito a relatar neste espaço em que meus netos - além de Pedro, Laura e Ulisses, agora há Otto, o caçulinha que ainda não fala e por isso não tem voz aqui, embora já faça suas peraltices - têm presença cativa e preponderante.

Hoje, neste dia de retorno após um longo quão indesejável intervalo, peço vênia para relatar uma pequena maravilha que talvez o "sangue" explique. 

Como é sabido, Ulisses e seus pais vivem hoje em Curitiba, mas nas férias de Verão eles vêm passar pelo menos um mês conosco, quando o menino se esbalda nos passeios e na comilança.

Ontem, por exemplo, num passeio de ônibus pela orla marítima de Salvador, ele apreciava o mar quando sua avó Bia - ele se divide entre nossa casa e a residência dos outros avós, Lea e Gustavo -, depois de futucar em sua bolsa, deu ao menino um pedaço de papel.

Ulisses, meditabundo naquele momento, perguntou: "Vovó, você tem uma caneta?"

De posse do instrumento, ele passou a escrever no pedacinho de papel e daquela cabecinha cismarenta brotou este haicai:

"O céu encontra o mar

E o sol risca o mar

Lá do céu"

Achei isso uma maravilha e reputei o fato ao gosto pela poesia que herdei de meu pai e está presente principalmente em Pedro, o primeiro neto. Por que não seria assim com Ulisses?