sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

(off) De viagem

Os meninos - Pedro e Laura - embarcaram esta tarde para Feira de Santana, levados por Mamãe Sal, de carona com o Papai Alexandre. Este avô foi junto para divertir-se um pouco com as peraltices da dupla e elas não faltaram. Em verdade, já durante o almoço eles vinham desfiando algumas pérolas, para meu contentamento, como quando ao observar todos nós - além deles três, também os avós - reunidos à mesa na casa deles Pedro quis saber quem eram meus pais; em resposta eu lhe disse que meu pai já havia partido e que minha mãe era a Bisa Margarida; ele então me perguntou se eu tinha saudade de meu pai e digo-lhe que achava que ele já havia retornado (eu penso que Pedro seja meu pai reencarnado); o menino me olha sorrindo, diz "muito bem" e tenta mudar de assunto. Mas seguindo o mesmo tema, Vovó Bia relembra que Laurinha lhe havia dito que ela não tinha nem pai nem mãe, pois se esquecera do Bisavô Maurício, que mora no Rio de Janeiro e a menina só vira uma vez, quando era um bebê; talvez por isso hoje Laura se pronunciasse assim, durante o almoço:
- Eu tenho minha família todinha!
Depois disso esperamos o Papai Alexandre chegar para viajarmos. Já dentro do carro, em plena estrada, a conversa ia solta quando nos lembramos de ouvir música no rádio, especialmente aquelas que fazem o gosto familiar, e assim escutamos Siba e a Fuloresta com "Trincheira da fuloresta" e sua batida forte; depois foi a vez de Pedro pedir por Arnaldo Antunes cantar chamando alguém para sua casa; Laura quis ouvir Wilson Simonal e sua "Terezinha", mas rimos mesmo foi quando o rádio tocou "Panis et circense", com os Mutantes, que Laurinha quis ouvir várias vezes. Enquanto a música entoava, Pedro deu sua opinião:
- Eu gosto dessa música "na sala de jantar" (e falou meio que imitando o tom dessa frase na canção).
Laurinha não quis ficar atrás e também disparou:
- A parte que eu gostei foi "e morrer..." - disse, e igualmente imitou o acento dos cantores, levando-nos às gargalhadas.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

(off) Fumaça

Esta quem contou-me foi o papai Alexandre, testemunha do fato. Ele disse que, numa das últimas vezes em que saiu de carro com Pedro e Laura, em certo momento o automóvel posicionou-se atrás de um outro veículo e este expelia muita fumaça pelo escapamento. Observando o fenômeno, Pedro sentenciou:
- Que carro mal educado!

sábado, 22 de fevereiro de 2014

(off) Fantasias

A dupla do barulho daqui de casa acaba de sair para mais um bailinho de carnaval. Ele, fantasiado de jogador do B(J)ahia. Ela, de fadinha. Pergunto a Laura para que tanto baile de carnaval e digo a ela, em resposta, que carnaval dura três dias. E a menina então me explica: "No três eu vou de Vitória!"

(off) Melhores amigas

Aproveito que Laurinha está comigo no escritório, entretida com seus desenhos no Paint, e invento uma cantiga que fala da mãe dela, sua melhor amiga. A cantiga descamba para um interrogatório a que a menina se dá de boa vontade:
- E quem é sua segunda melhor amiga?
- Vovó Bia.
- E a terceira?
O nome da Tia Ananda é lembrado e sigo perguntando em ordem crescente, utilizando os números ordinais para posicionar essas amigas, entre as quais constam pelo menos três das muitas bonecas de Laura. Assim, chego à sétima amiga, à oitava... Ela, naturalmente, não conhece os ordinais e facilmente os relaciona com os números naturais, de modo que o diálogo segue neste ritmo:
- E sua décima melhor amiga?
- A dez?
E vêm à lembrança da menina vovó Mara, as tias, a prima Lorena, de Feira de Santana...
- E sua décima primeira melhor amiga, quem é? - pergunto mais uma vez, para ouvir a observação:
- A onze?
Acho graça e quero ser também engraçado:
- Sim, a ônzima!
Laura cita mais um nome e, como não chegou onde eu pretendia, faço-a recordar:
- E Bisa Margarida?
E é então que minha neta me faz gargalhar:
- Ela é a dôzia!

(off) A dança da tartaruga

Mamãe Sal e Vovó Bia levaram Pedro e Laura (os amiguinhos Alice, Samuquinha e Lara também foram, com as respectivas mamães) ao bailinho de carnaval que um shopping da cidade está promovendo neste fim de semana e mesmo adoentado - o lugar onde ele tomou a mais recente vacina ainda está inchado e dolorido, deixando-o meio prostrado - nosso menino divertiu-se e alegrou os presentes com sua fantasia de Tartaruga Adolescente Mutante Ninja. Não foi à toa que o animador do bailinho, o conhecido agitador cultural do meio infantil Tio Paulinho lhe concedeu o segundo lugar entre os pequenos foliões. Mas ele praticamente nem dançou conforme assegurou Mamãe Sal, na volta para casa, informando que Pedro só expressou o gesto da coreografia do arrocha, com uma das mãos fechada apoiada na testa e com a língua de fora (?). Preocupada com o estado febril do menino, Mamãe Sal pede-lhe uma pausa:
- Venha descansar, Pedro.
Mas meu neto tem suas reservas de força e exclama:
- Mamãe, um ninja não se cansa!




sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

(off) Dodói

Os meninos não foram à escola hoje e acreditei que o fato deveu-se à chuva incessante. Qual nada! É que ontem nossa dupla teve de tomar reforço vacinal e passaram a noite febris. Preparei a vitamina no horário habitual mas ninguém desceu a tempo. Depois é que viria Laurinha, acompanhada da Mamãe Sal, que contou o episódio noturno. Como Pedro ainda dormisse, subi para ficar com ele. Logo Laura vem me fazer companhia e é quando Pedro acorda. Abraço-o, chamando-o de "meu anjo" e Laurinha estranha:
- Mas, Vovô, ele não tem asas!
Então Pedro me faz o relato de sua noite:
- Sabe, Vovô Chico, de noite meu braço doeu muito e Mamãe me deu um remédio e eu vomitei.
Acalentei-o e o convidei para descermos, a fim de que tomasse sua vitamina e ele concorda:
- Acho que essa vitamina é a cura!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

(off) Curiosidade

Pedro desiste de fazer a sesta, junto com Laura e a Mamãe Sal, e desce para ficar conosco, com o argumento de que nossa casa é bem mais confortável e divertida. Deixo-o vendo seus programinhas favoritos na TV e venho para o escritório. Cerca de meia hora depois ele passa em direção à sala e é interceptado por Vovó Bia:
- Aonde você vai?
E meu neto dá a explicação:
- Eu vi uma menina lá embaixo e quero saber quem é ela!

(off) Sonhos de pedra

Esta manhã, Mamãe Sal pediu a Pedro que me contasse o sonho que teve essa noite. Ele não queria, mas acabou fazendo a revelação:
- Eu sonhei com minhas amiguinhas Júlia e Lara. Eu disse a Júlia que ia à praia com ela de avião.
- Ah! E Lara?
- Eu disse que ia morar com ela em Copacabana!
- Por quê?
- Para Laura conhecer o parque!
- E foi só isso?
- Sim, porque elas não aceitaram o acordo...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

(off) Índia

Mamãe Sal divertia-se com Laura aplicando adesivos no rosto da menina, dizendo que ela era uma indiazinha. Mergulhando na fantasia da mãe, Laurinha rebatizou-se:
- Eu sou a índia Tatuaçu!
Pedro, ao lado, observando a expansividade criativa da irmã, pondera, com ares de entendido na língua tupi:
- Ela quer dizer que é um tatu grande!

(off) Humanidade

Mamãe Sal contava algumas das peripécias dos meninos ontem e não pude prestar atenção a tudo. Dentre as histórias que ela contou, uma dizia respeito a uma tentativa de fantasiar Laurinha, quando Sal teve que pôr na menina alguns adereços, o que fez Laura "compadecer-se" do irmão e apelar para sua mãe:
- Bote em Pupuzinho também!
Pupuzinho, contudo, se retrai:
- Não, eu prefiro ser humano!

(off) Garbo

Ontem, antes de saírem para o velório de nosso amigo Ismael, Mamãe Sal e Vovó Bia cuidaram de arrumar Pedro e Laura, que iriam, como foram, a mais uma sessão com a fonoaudióloga com o Papai Alexandre (sim, agora é Laura que deve "aprender" a falar). Durante essa arrumação, já com o pai presente, Pedro exige um certo tipo de calça, mas recebe a recusa da mãe, sob o argumento de que não seria o modelo mais indicado neste verão. Pedrinho, contudo, tem lá seus interesses e dispara:
- Mas eu quero ir garboso!
O pai estranha e observa:
- Garboso? Onde você aprendeu essa palavra?
- Eu não aprendi - diz o menino, completando: - Eu inventei agora!

(off) Na casa da Dinda

Ontem, Ananda me confidenciou que Pedrinho, seu afilhado, não se comportou adequadamente quando foi passar uma noite em sua casa, até falando mal de seu sacrossanto lar. Ela contou que, antes de ser levado à cama, o menino teve de tomar um banho e foi nesse momento que Pedro fez esta observação:
- É, até que sua casa não é tão ruim!
A Dinda se "ofende" com isso e chama a atenção de meu neto, ralhando com ele:
- Tome vergonha, minha casa é ótima"
E o menino não perde o rebolado:
- É, foi o que eu quis dizer!

(off) Argúcia

Esta manhã, levantei da cama um pouco mais tarde do que o costume e tratei de preparar a vitamina dos meninos. No entanto, a cozinha e a área de serviço exigiam algo mais de mim e iniciei a labuta. Quando Pedro e Laura chegaram, encontraram-me fazendo a lavagem dos utensílios. A menina vem, trajada com a fardinha da aula de balé, e grita:
- Pupuzinho! Ele não saiu, não! Está dentro da cozinha!
Pupuzinho vem e os dois me pressionam quanto à vitamina, mas se dispõem a colaborar:
- Podemos ajudar você a lavar?
Recuso a oferta dizendo que eles se molhariam e dou minha sugestão, querendo que eles saiam da cozinha:
- Que tal vocês me ajudarem vendo TV?
Laura me obedece prontamente, mas Pedro demonstra toda sua argúcia:
- Mas você não está vendo TV!


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

(off) A Ismael

Não faz muito tempo, Laurinha, minha neta, de apenas quatro aninhos, perguntou-me assim:
- Vovô, por que nunca mais eu vi uma estrela cadente?
Não me lembro do que respondi a ela, mas ontem esse fato se deu, de modo inverso ao costumeiro. Estrelas cadentes são astros que riscam o céu e caem na Terra, mas ontem um astro luminoso partiu da Terra na direção do céu.
Refiro-me à alma nobre e generosa do amigo Ismael Alves de Souza, que aqui foi mais que um pai para mim e minha família, manifestando com atos concretos e exemplos inapagáveis as lições de solidariedade, fraternidade e abnegação de que só os pais são capazes.
A ele, que parte em demanda de novas conquistas, tendo realizado proficuamente sua missão entre nós, deixo aqui minha homenagem nesta madrugada em que desperto e, sem querer, abro o livro "Sobre a morte e o morrer", de Elisabeth Kubler-Ross, leio estas linhas que me fazem recordar a conversa de Laura:
"Observar a morte de um ser humano faz-nos lembrar uma estrela cadente. É uma entre milhões de luzes no céu imenso, que cintila ainda por um breve momento para desaparecer para sempre na noite sem fim."
Sim, aos nossos olhos mortais, parece ser para sempre, mas também será assim conosco, um dia, e nesse dia, se bem soubermos cultivar nossa incipiente luminosidade, reuniremo-nos a eles, aos que nos antecederam na grande jornada, e perceberemos a glória da imortalidade...

***

Cintilante é a água em uma bacia; escura é a água no oceano.
A pequena verdade tem palavras que são claras; a grande verdade tem grande silêncio.
(Tagore - "Pássaros errantes", CLXXVI)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Besteiras na casa da Dinda

É, eu fiz besteira na casa de Dinda, mesmo! Na sexta-feira eu dormi lá, conforme ela havia prometido. E eu não quis dormi no "quarto azul" que agora é apenas branco, mas entre Dinda e dindo Gabriel, na cama deles - e eles deixaram. Mas a besteira eu só fui fazer de manhã, quando acordamos, e Dinda quis me alimentar com a vitamina que ela fez. Ela disse que era igualzinha à que Vovô Chico faz! Mas, então, porque eu achei ruim? Não gostei do gosto da vitamina e enguiei, e até cuspi um pouco no chão e dindo Gabriel não gostou nada disso. Eu disse que fiz besteira, não foi? Pois é...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

(off) Rua do chororô

Toda vez é assim: ao descerem para brincar lá embaixo com os amiguinhos, invariavelmente Pedro e Laura terminam chorando, pelos mais diversos motivos. Quando estou em casa e ouço o choro, fico naturalmente preocupado, mas relaxo porque a mãe e a avó geralmente estão com eles. Esta tarde. Laurinha, aos prantos, gritou por mim e então fui à janela. Pedi explicações e Sal me contou que a menina, ambicionando os salgadinhos do amigo Samuquinha, não se contentava com as pequenas ofertas que este lhe fazia, pois queria todo o pacote! Como a mãe lhe ralhasse, ela apelou para mim: "Quero ficar com você!" Assenti e Pedro veio na cola. Com isso, perdi o prazer de continuar vendo a maravilha que é "Meia noite em Paris". Mas em instantes ouvimos a voz de Samuquinha gritar lá debaixo: "Peeedro!!!" E daqui do escritório ouço meu neto responder: "Venha para cá, aqui é mais seguro!"

(off) Moedas

Depois que aprenderam a juntar dinheiro, os meninos - Pedro e Laura - não deixam mais minha bolsa de moedas em paz. Agora há pouco, enquanto eu lhes fazia a vitamina vespertina, Pedrinho veio até mim e falou que precisava ir a sua casa para uma tarefa importante. Mamãe Sal interessa-se pela questão e indaga do menino:
- Que tarefa importante é essa?
Receoso, Pepeu abre o jogo, mas antes quer salvaguardas:
- Você promete que não fica brava?
Com a promessa materna, meu netinho abre uma das mãos e mostra o conteúdo:
- Moedas!
- Onde você achou essas moedas? Vá botá-las no lugar! - reclama Sal.
Pedro dispara para o quarto, gritando sua justificativa:
- Mas eu preciso de muito dinheiro para comprar minha bicicleta!


(off) Pirata (II)

No dia em que levamos Pedro e Laura ao shopping com o firme propósito de visitarmos a representação do navio pirata lá exposta, meu neto deu mais uma demonstração de sua acuidade mental. Depois de percorrermos as dependências do tal navio, sendo ciceroneados por um rapaz devidamente trajado, este deixou-nos à vontade para o inquirirmos acerca de algum detalhe da visita. Haveria alguma dúvida sobre o estilo de vida dos piratas ou sobre as características do navio? O momento era próprio para dirimir quaisquer questões e Pedro fez uma pergunta em que eu não pensaria:
- Por que os piratas moravam aqui?
Entendia ele, assim, que os antigos "lobos do mar" resumiam sua vida à existência no navio, sempre em viagem de predação. E, claro, obteve resposta a sua indagação, embora (penso) não tenha dado nenhuma atenção ao que lhe era explicado:
- É que eles eram procurados pelas autoridades e viviam fugindo...

(off) Cinema

Soube hoje que Pedro e Laura foram ao cinema ontem. Pergunto ao menino:
- Que filme você foi ver, Peu?
- "Uma aventura Lego". Foi demais!
- E como era o filme?
Ele dá de ombros:
- Você nunca assistiu "Uma aventura Lego"?

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

(off) Baiano

Ontem à tarde, enquanto eu preparava a vitamina costumeira, Pedrinho adentrou a cozinha com a intenção de me ajudar, mas antes que ele se atrapalhasse todo na dispensação do leite no copo de liquidificador, fazendo-me dispensá-lo da função de ajudante, mantive com meu neto este breve diálogo:
- Você é um Muniz, Pepeu?
Ele assente e me faz rir:
- Sim, eu sou um baiano!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

(off) Loquacidade

Na última noite em que minha filha Ananda, ou Kika, madrinha de Pedro, esteve aqui em casa, Mamãe Sal e eu a acompanhamos de volta a seu lar, onde meu genro, Gabriel, a esperava. Laurinha foi conosco - Pedrinho não quis se desligar da TV - e pudemos nos divertir um pouco mais com a loquacidade de minha netinha. Em certo momento, Kika inventou a brincadeira das sílabas, convidando Laura a recitar o beabá, culminando na formação de uma ou mais palavras. Assim, depois da família da sílaba "ba", foi minha vez de introduzir a "va", ao fim da qual Laurinha "descobriu" as palavras vovó e vovô, e em seguida veio a sílaba "pa", que trouxe o reconhecimento de Pupu, que é o modo como Laura apelidou o irmão. Isto fez Kika perguntar à menina por que ela chama o irmão de Pupu, ou Pupuzinho, e minha neta oferece uma bela explicação:
- É que eu não sei falar "Predo"; eu nunca vou aprender!
E complementa:
- Eu botei o "zinho" para ficar mais bonito!

Pirata!

Mesmo sem ser fim de semana, hoje foi dia de diversão, porque à tarde Mamãe e Vovô Chico nos levaram - a mim e a Laura - para um passeio no shopping, com a intenção declarada de visitarmos o navio pirata que tem lá dentro. Mas minha irmã não quis entrar no navio, ela ficou com medo, porque era tudo escuro lá dentro, então eu entrei com Vovô Chico, só nós dois, numa excursão sem susto, pois a gente podia escolher. E foi um pirata com uma lanterna na mão que nos recebeu e levou a conhecer cada canto do navio, para sabermos como os piratas viviam e o que faziam no navio. Foi muito legal e eu até trouxe de lá uma das "jóias" do baú do tesouro do capitão!




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

(off) Colorido

Esta tarde tive que cumprir uma visita ao dentista e saí de casa logo que Pedro e Laura desceram e nem deu tempo de fazer a vitamina deles. Informei-os – a Laura, principalmente – que iria ao dentista e a menina ficou curiosa:
- Vovô, o que você vai fazer no dentista?
- Vou pedir que ele veja meus dentes.
Minha neta não titubeia e dispara:
- Eles são amarelos!

(off) Identidade

Na escola, a tarefa que Pedro recebeu ontem como dever de casa foi confeccionar sua carteira de identidade, para o que recebeu a ajuda de Mamãe Sal. O menino, então, passa a elaborar o documento. Terminado tudo, Sal pede que, agora, ele ponha sua assinatura, mas tem que ser completa. Assim, Pedrinho começa a escrever: “Pedro Lucas...”, mas logo ele se cansa e desabafa:
- Ah, meu nome é muito comprido!
Mas não foi só. Meu neto também tinha que escrever o nome de sua mãe e esta o auxilia:
- Escreva, meu nome é Shirley e começa com S!
Pedro vai desenhando as letras, mas subitamente se lembra de algo aparentemente importante e facilitador de sua tarefa e interroga minha filha:

- Você não podia ser só Sal?


domingo, 9 de fevereiro de 2014

(off) Palavra nova e muita ajuda

Depois da sesta, que tirou junto com Mamãe Sal, lá em cima, Laurinha desce com fome e já pergunta pela vitamina. Prontifico-me a fazê-la, mas como sei que Pedro merendara biscoitos algum tempo antes, pergunto-lhe se também quer a vitamina. Ele não responde, mas Mamãe Sal insta com ele e finalmente o menino dá seu parecer:
- Acho que estou indigestado...

***

Sigo para a cozinha e Laura me segue, propondo ajudar-me na preparação. Não demora muito e Pedrinho vem atrás, com a mesma intenção. Ele pega a lata do leite e a transfere a Laurinha, que sugere ao irmão tomar conta do vasilhame onde guardo o ovomaltine. Mas antes mesmo que eu ponha todos os ingredientes no liquidificador ela, que cantarolava o refrão da música "Pescador de ilusão", do Rappa, veiculada no rádio, parte em direção ao quarto, com esta certeza:
- Eu já ajudei muito!
E se foi...


(off) Quem pode, pode!

Pedrinho vem me avisar que vai ao sanitário cumprir uma função orgânica das mais importantes e pede-me ajuda. Vou com ele, ponho o assento adaptado e enquanto realizo esta operação peço-lhe que tire a cueca. Como não me obedece, insisto no pedido. Ele tira a cueca, finalmente, mas reage com um muxoxo: "Que avô mandão!"


sábado, 8 de fevereiro de 2014

(off) Aaah!!!

Mamãe Sal levou Pedro e Laura para um jantar que a tia Marilene - a "mulher do transporte" - promoveu em sua casa para as amigas mais chegadas. Claro que as outras crianças estavam presentes, até porque Marilene é mãe de Alice. Assim, além de nossa duplinha, lá se encontravam Samuquinha, Lara e Júlia. A certa altura - conta Mamãe Sal -, a TV ligada na sala exibia cenas de um DVD de Ivete Sangalo e Pedro, espojado no sofá, sofrendo a lassidão do sono (a farra foi até quase a meia noite!), ouvia uma música romântica e deixou escapar um segredo, entre suspiros:
- Era isso que eu queria fazer com Lara: amor! Mas ela nem "tchum" pra mim!...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

(off) Parentesco

Pedrinho fez arte esta tarde e Laurinha levou a culpa, sendo energicamente admoestada por Mamãe Sal. Berrando, ela vem para mim e a pego no colo. Para consolá-la, inicio com minha netinha uma conversa despropositada e assim falamos sobre as preferências dela no parque. Então fico sabendo que ela gosta muito do "tlepa-tlepa" e da cama elástica, que também atende pelo nome de pula-pula. "E do trem-fantasma, você não gosta?" - pergunto-lhe, e a menina diz que não, "por causa do ladrão". Estranhando, pergunto a Laura o que tem a ver o fantasma com o ladrão e a resposta é hilária: "Eles são primos!"

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

(off) Dinheiro

Laurinha encontrou algumas moedinhas e quis levá-las para o "saco de moedas", mas apareceu-lhe uma dúvida:
- Mas onde fica o saco de moedas?
Vendo que o shortinho que ela usa tem dois bolsos, peço-lhe que guarde ali suas moedas, o que ela faz com gosto e depois conta o sucedido à Mamãe Sal, que sugere pôr o rico dinheirinho no mealheiro e vai até lá em cima pegar a tal latinha. Aproveito o instante e pego minha coleção de troco e convido Pedrinho a participar da farra monetária. Enquanto divido algumas moedinhas com eles, Vovó Bia pergunta-lhes o que vão comprar com as respectivas fortunas. Pedro é o primeiro a responder:
- Uma bicicleta!
Mas o interesse de Laura é mais prosaico:
- Batata frita!
Mais tarde, Pedrinho traz seu cofrinho para mim e propõe:
- Vovô Chico, você me ajuda a comprar uma bicicleta?
E de Laurinha ouvi este comentário:
- Eu tenho de precisar mais dinheiro...

(off) Emoção

De vez em quando Pedro não quer descer para brincar com os amiguinhos lá embaixo, como faz agora. Já disse aqui que o prazer dele é ver desenho animado e ainda bem que a Vovó Bia não admite isso e faz questão de levá-lo, junto com Laurinha, para os folguedos na calçada, no fim da tarde, quando está a temperatura mais amena. Às vezes, cansado de saracotear, ele escolhe subir e dividir-se entre a TV e a tabuleta eletrônica onde diverte-se com uns joguinhos. Ontem foi assim, mas ele se comportou meio estranhamente: várias vezes dava as costas à televisão e ia à janela puxar conversa com os amiguinhos em picula lá embaixo - Laura com eles. Quando minha netinha subiu, Mamãe Sal e Vovó ficaram lá embaixo mais um pouco e nesse momento minha filha Ananda telefonou e quis falar com os sobrinhos e foi então que gargalhei ouvindo Pedrinho conversando com sua Dinda. Primeiro, ao reconhecer quem lhe falava, ele manifestou surpresa, mas depois a emoção foi lhe tomando e o menino soltou esta carretilha:
- Dinda! Eu estou com muita saudade; eu estou aqui e meus amiguinhos estão lá embaixo, ninguém veio brincar comigo e eu estou muito solitário, tchau!
Não aguentei e ri, ri muito!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

(off) Paladar

Ao contrário de Laurinha, Pedro já demonstra ter um paladar um paladar apurado, que lhe permite reconhecer o sabor de certos alimentos. Digo isto porque esta manhã a vitamina que sirvo aos dois teve um ingrediente a menos: minha previsão falhou e assim o ovomaltine acabou mais cedo e a vitamina ficou sem sua coloração habitual. Embora os copos sejam tampados e os meninos não possam ver o conteúdo, o fato é que podem distinguir o sabor do que sorvem pelo canudo. Laurinha tomou a dela tranquilamente, mas Pedro estranhou e quis me devolver seu copo, mas insisti com ele para tomar mais um pouco e perguntei, sabendo, o que ele notou de estranho na vitamina:
- Acho que você botou muita água - disse.

(off) Estado civil

Parece que precisamos ensinar o sentido das palavras a Laurinha, para que ela utilize cada uma delas como deve ser e no momento devido, como Pedrinho já sabe fazer. Esta manhã, desci com eles, junto com a Mamãe Sal, para esperarmos o transporte escolar, até que as outras pessoas foram chegando. Primeiro vieram Samuquinha e sua mãe, Sibele, e por fim Vovó Bia desceu também, vendo que Marilene, a "mulher do transporte", demorava-se com Alice, sua filha. Assim, quando Vovó Bia se nos aproxima, Laura observa o fato, dirigindo-se a mim:
- Olhe, Vovô, sua "marida"!
Estranho a expressão que ela utiliza e, rindo, repito suas palavras:
- Sua marida?
Então a menina me corrige:
- Minha marida, não, Vovô; sua marida!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

(off) Papai Noel?

Laurinha encontrou um calendário de mesa aqui no escritório e me propõe ler os números com ela. Depois de algumas tentativas ela desiste e passa a olhar as gravuras, com desenhos representativos dos pontos turísticos de algumas das capitais de estados brasileiros. Mostro-lhe o Elevador Lacerda de Salvador, o Palácio de Vidro de Curitiba, a Catedral de Brasília e o Forte dos Três Reis Magos, informando ser de Natal. A menina estranha:
- Natal? E cadê Papai Noel?


(off) Leitura

Estávamos ontem no restaurante do shopping, com Laurinha agarradíssima a mim, é claro, e vi que do teto da praça de alimentação descia uma grande faixa propagandeando a excelência de um prato de uma das casas de repasto ali estabelecidas. Aproveito para testar os poderes intelectivos de minha netinha que, ao contrário do irmão, Pedrinho, ainda não sabe ler. Pergunto-lhe, então, o que está escrito na tal faixa e a menina é rápida no gatilho: "Comida!"

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O livro de Vovô Chico

Vovô Chico fez ontem outro lançamento do livro dele, intitulado "Lições do Evangelho para a vida prática". O lançamento foi no centro espírita onde ele trabalha e nós fomos lá dar um abraço nele, antes de irmos para a festa do aniversário de nosso amiguinho Henrique. Além de mim e Laura, Mamãe, Dinda, dindo Gabriel, tia Ju e Vovó Bia também foram. Aliás, Vovó Bia foi antes de nós e fez algumas das fotos tiradas com Vovô - as outras tiveram a colaboração de tia Juliana, madrinha de Laura.






(off) Cinco anos!

Esta é uma boa oportunidade para uma reflexão, agora que Pedrinho completou o ciclo de seus primeiros cinco anos entre nós, um lustro de novo aprendizado, quando a condição de avô se inaugurou em mim. Mudou alguma coisa em minha vida, em minha rotina? Como não? Mudou tudo, principalmente minha percepção da vida, com relação à continuidade da existência e à impermanência do que costumamos chamar realidade. Agora, é um tal de desfazer-me e reconstruir-me constantemente, porque esse neto, esse menino, essa criança, esse Espírito aportou em minha casa, fazendo-me desdobrar no exercício do amor. Como não se bastasse a se si mesmo, ele ainda trouxe a irmã, Laura, que vem complementar a necessidade minha de desdobramento, multiplicando-me a cada vez, vendo in loco que a grande finalidade da Vida é doarmo-nos integralmente a benefício de todos, pela expansão dos sentimentos até que se instale em definitivo, no âmago de cada um de nós, a suprema energia do amor a tomar-nos de assalto. Pedrinho inaugurou esse momento, esse movimento, esse entendimento em mim e, sei, isto não terá fim. Que venham, pois, outros cinco anos, e mais outros, e outros...