quarta-feira, 29 de abril de 2015

(off) Domingão

A chuvarada desta segunda-feira não permitiu que Pedro e Laura fossem às aulas. Também a escola teve de suspender suas atividades - soubemos depois - e as crianças que ousaram ir ao estabelecimento tiveram de retornar para suas casas. Ao saber que teriam de tirar a farda e vestir roupas comuns para, em vez de se entreterem com livros e, colegas e professoras, continuar a rotina de apreciar os desenhos favoritos na TV, os meninos exultaram. E se Laurinha não se pronunciou de modo a motivar este avô a construir mais um texto engraçadinho, foi Pedrinho quem deu o tom histriônico, quando me perguntou que dia era aquele. Ao ser informado de que era segunda-feira e não iria à escola, ele exclamou:
- Oba, vou ter um domingo duplo!


sexta-feira, 24 de abril de 2015

(off) O spa do Vovô

Nesta segunda-feira, as mulheres daqui de casa precisaram ir às compras e os meninos, que não tiveram aula nesse dia, ficaram comigo. Como se sabe, criança tem sempre uma unha encardida, um risco de suor acumulado no pescoço e outras marquinhas exigindo intervenção adulta. Então esquentei água que pus numa bacia com água fria e chamei um por um, primeiro Laura e depois Pedro, para uma sessão de assepsia. Cortei e lavei as unhas das mãos e dos pés, ensaboando, enxaguando e enxugando. Laura adorou a experiência inusitada. Pedrinho exultou ao ponto de exclamar:
- Parece um spa!
E antes que eu tivesse tempo para perguntar se ele sabia o que é um spa, meu neto disparou:
- Um spa muito legal!



quinta-feira, 16 de abril de 2015

(off) Hora da estrela... ou da estrada?

Por conta de sua enfermidade, Laurinha não acompanhou seu irmão, Pedrinho, à escola nos dois últimos dias e esta manhã, cansada de manusear a tabuleta eletrônica do menino, decidiu passar o tempo no escritório, desenhando. Não demorou muito e lá vem ela, queixando-se:
- Vovô, eu queria escrever mas não consegui.
Como estivesse entretido com o computador, não dei muita atenção à reclamação de minha netinha e só mais tarde pude observar o que motivou sua zanga. Então vi, num cartão sobre minha mesa de trabalho, as letras E, S e R desenhadas lado a lado. Aproveitei a deixa e imiscuí um T entre elas e completei a palavra "estrela". Depois fui à sala e disse a Laura o que ela havia escrito, deixando-a feliz ao ponto de exclamar:
- Vovó, eu escrevi "estrela"!
Sorri e enquanto me dirigia ao quarto, ouvi-a comentar em tom mais baixo:
- Eu estava tentando escrever "estrada"...


(off) Estojo

Sim, todos nós, inclusive Pedro e Laura, estamos ansiosos pelo nascimento de Ulisses, o terceiro netinho, filho de minha filha Ananda e Gabriel. Enquanto isso, seguimos observando o comportamento dos primos do futuro Júpiter e não raro a percepção deles quanto às coisas do mundo material nos faz gargalhar, embora devêssemos muito mais refletir acerca do que eles dizem e do que lhes informamos também. Um exemplo disso foi quando Laurinha nos questionou em que parto do corpo de Nandinha Júpiter estaria, para fazer com que a barriga de minha filha crescesse. Então Mamãe Sal deu a explicação da Biologia:
- Ulisses está no útero.
Laura, contudo, não se contentou e voltou à carga:
- E o que é útero?
Tomei para mim a responsabilidade e declarei:
- Útero é o estojo luxuoso que Deus criou para abrigar os bebês.
No entanto, minha netinha manifestou seu estranhamento ante minha resposta e visualizou seu primo com outra configuração:
- Ele é um lápis?


(off) Demais


Laurinha está dodói desde ontem, com o joelho da perna direita doendo muito, o que a impede de se locomover com facilidade. Esta manhã, Mamãe Sal e Vovó Bia a levaram ao médico e agora à tarde o Papai Alexandre foi com a menina realizar os exames pedidos pelo esculápio. Antes disso, porém, quando cheguei em casa, ela descansava em minha cama e ao me ver manifestou a vontade de ir ao sanitário. Carreguei-a com cuidado e sentei-a no vaso, voltando depois para o quarto. Foi nesse momento que vi a cena que me faz ralhar com Laura: uma garrafa com água pela metade fora deixada em cima da cama e uma mancha molhada fazia uma roda no lençol. Então bradei com ela, envolvendo também Pedro na reclamação:
- Já não lhes falei que não deixassem garrafas abertas para não molhar a cama? Vocês são demais!
Mas Laura não acusa a reprimenda e me surpreende ao falar:
- Obrigada!
Estranhando o comportamento dela, eu a inquiro:
- Eu reclamo e você agradece?
Então recebo a explicação:
- Você disse que a gente é demais!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

(off) Velhice

Quando os filhos diziam "lérias" aos pais, nós costumávamos exemplá-los, pretextando autoridade e pretendendo mostrar quem mandava no pedaço. Adora, os netos nos dizem piadinhas e achamos engraçado. Vejam só que esta tarde Laurinha, enquanto víamos mais um desenho do Bob Esponja com Pedrinho, resolveu me questionar, degustando pipocas:
- Vovô, quando eu crescer você vai ficar velho?
Respondi que sim, mas a menina, muito sirigaita, fingia se desesperar, gritando "não quero". Procurei contemporizar, afirmando que eu ficaria um velhinho elegante. Ela sorriu, eu me animei e prometi que, além de elegante, eu também seria um velho bonito. Foi então que veio a "léria" e eu apenas gargalhei quando ela me interrogou:
- Bonito como um homem?