sexta-feira, 24 de novembro de 2017

(off) Homenagem musical


Pedro foi a primeira pedrinha que veio rolar no leito do rio que é minha vida de avô. A ideia da pedra costurando as manifestações de carinho depositadas aqui foi inspirada no nome dele, afinal, Pedro é pedra, conforme o conceito explicitado por Jesus, o Cristo. E antes mesmo que Pedro chegasse, já eu me envolvia em projetos demarcatórios, como este blog e o livro de poemas que jamais se publicou - e os versos estão espalhados por aqui. Depois veio Laura, seixo lapidado pela correnteza que me encontrou um pouco mais preparado para a segunda experiência, até que finalmente Ulisses se apresentou, trazendo-me muito mais contentamento do que seria de esperar. Não são pedras iguais, absolutamente; como os minérios que enriquecem o solo do planeta, cada um dos três netinhos tem uma tonalidade, uma cor e um brilho todo especial e assim os três se destacam ante meus olhos e meu afeto, sem preferências. Todos os três vêm contribuir com o preciosismo próprio para meu burilamento, que as pedrinhas de rio para isso servem, e nessa tarefa também elas se aperfeiçoam, aformoseando-se aos olhos do Criador. Falo dos três porque são os que aqui se encontram, porquanto o ciclo, aparentemente, ainda não se fechou e nesse sentido ouço a filha mais nova, mãe de Ulisses, falar em providenciar um(a) irmã(o)zinho(a) para meu pequeno grande herói...

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

(off) Duas gargalhadas


Ulisses, meu terceiro netinho, ainda está, em seus dois aninhos bem vividos, reconhecendo as coisas deste mundo. Seu vocabulário já é bem desenvolvido e ele já consegue dar ênfase a certas palavras e expressões, como fez hoje, enquanto via, pela enésima vez, um de seus vídeos favoritos do YouTube. Como divido a tela com ele, escolhendo o que também me interessa, e, que ainda não percebeu ser isso possível, estranhou quando usei o teclado para fazer uma nova postagem no Facebook e estrilou comigo:
- Eu quero ver isso aqui, tá bom?
Gargalhei, mas o que quero salientar é que meu neto foi hoje apresentado ao coco seco, que ele só conhecia na versão verde. Quando voltei do mercado e comecei a tirar as compras da sacola, Ulisses veio para perto e por isso, com o coco seco na mão, perguntei a ele o que era aquilo e sua resposta me fez gargalhar mais ainda:
- Madeira!

sábado, 18 de novembro de 2017

(off) Gosto




Quando dizem que as crianças prestam atenção em tudo é porque elas são naturalmente observadoras, por isso os pais - e avós! - devem se conscientizar de que as educamos muito mais pelos exemplos que damos do que através de belas lições teóricas que não correspondem ao comportamento habitual. Digo isso porque ontem, após acordar de seu sono vespertino, nosso pequeno Ulisses veio para perto mim, que estava sentado ao computador, e pediu colo, após ter tomado sua merenda. E quando vem para frente do computador, ele só quer uma coisa:
- Quer ver Peppa - diz, referindo-se à porquinha cor de rosa do desenho animado.
Assim, quando me forçou a mudar a programação do YouTube, meu neto comentou de modo bem jocoso:
- Vovô adora música; Ulisses gosta de Peppa!
Pois é.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

(off) Informação é poder


Quando estão aqui em casa - e isto tem sido frequente -, Pedro e Laura já não se contentam com apenas assistir TV e querem ora meu celular para jogar, ora pedem o computador para verem seus vídeos favoritos. Por isso não estranhei quando Pedrinho, na manhã do feriado, veio me questionar sobre se eu usaria o micro naquele dia. Acontece que ultimamente, talvez por causa desse uso infantil, meu PC tem apresentado certos probleminhas que, felizmente, consigo resolver. Assim, eu perguntei a Pedro o que ele tencionava fazer e meu neto somente insistiu:
- Vovô, você vai usar seu computador hoje?
Então respondi que iria sair, de modo que não iria, de fato, precisar do computador naquela manhã. E, para minha gargalhada, o menino deu uma risadinha esperta e declarou:
- Eu prometo que não vou usar essa informação!

(off) É barra!


Graças a Laurinha, que me trouxe um problema em seu dever de casa ontem, aprendi, consultando São Google, que aquelas barras de segurança que vemos e usamos nos ônibus e demais veículos de transporte público se chamam balaustres. Pois bem, precisando acompanhar Vovó Bia Muniz a Itinga na manhã de hoje, levamos junto o pequeno Ulisses em nossa viagem de metrô até a Estação Mussurunga. Em seus dois anos bem desenvolvidos, o menino, que não desgruda deste avô, sentou-se comigo num lugar onde havia uma daquelas barras de aço e sua mãozinha esquerda encontrou apoio ali. Como sei que o ar-condicionado é bem frio no interior dos vagões, inquiri meu netinho a esse respeito e ele me fez dar uma gostosa risada com sua resposta:
- Está frio, Ulisses?
- Não, está gelado!

domingo, 5 de novembro de 2017

(off) Meu cordel

    
Laurinha não me disse nada, foi Mamãe Sal que alardeou que a menina tinha um dever de casa especial para fazer e para tanto necessitava de minha ajuda. A tarefa imposta pela zelosa professora de Laura era apresentar, cada aluno de sua turma, um livreto de cordel explorando um assunto específico. A minha neta coube o tema "os violeiros", sem mote nem nada. Assim, na tarde deste domingo, logo após tomar sua vitamina, Laurinha vem para perto de mim solicitar a ajuda - e eis-me recordando meus imaginários tempos de repentista pouco afeito aos alexandrinos:

Os violeiros

No sertão da minha terra
Mora um povo altaneiro
Que vive de bem com a vida
E não se importa com dinheiro
É uma gente trabalhadora
E eu vou falar agora
Dos amigos violeiros

Violeiros são cantadores
Exímios na rima e no verso
Cantam sempre de improviso
Como se rezassem o terço
Dedilhando sua viola
Os dedos parecem de mola
E assim cantam o dia inteiro

Vou falar de Zeca e Zequinha
Dois violeiros daqui
Nesta minha terra inteira
Como esses dois nunca vi
Cantam e tocam como ninguém
E se resolvem tão bem
Que superam o bem-te-vi

Não existe violeiro
Melhor que Zeca e Zequinha
Pra cantar pena de galo
Ou pescoço de galinha
Eles cantam dia e noite
Fazem versos de açoite
Tal o padre em ladainha

Pra nós, aqui no sertão
Fazer verso e tocar viola
É profissão prazenteira
Bem melhor que jogar bola
Violeiro tem seu lugar
E vale mais que Neymar
Com seus milhares de dólar.

sábado, 4 de novembro de 2017

(off) Família: uma noção


Ontem à tarde estávamos quase todos aqui em casa, faltando apenas Pedro e Laura, além de Gabriel Morais, marido de Ananda e pai de Ulisses. Este meu netinho tinha acabado de voltar da barbearia, onde, levado por sua mãe, teve parte de sua basta cabeleira devidamente tosada. Seu dindo, Caio, também os acompanhou nessa jornada, com a mesma finalidade. Assim, estávamos todos juntos observando a desenvoltura alegre do menino quando, não sei por que razão, resolvi testar seus conhecimentos:
- Ulisses, cadê a família Muniz?
Ele me olhou com alguma perplexidade e abriu os bracinhos, como a indicar não saber do que se tratava. Mas Caio e Shirley vieram em seu socorro informando que éramos nós a tal família Muniz. Dissemos-lhe, então, que ele também era um Muniz. Mas Ulisses, sabedor de quem é filho, trouxe-nos o complemento quando lhe perguntamos, enfim, qual era seu nome de família e ele disparou, para nossa gargalhada:
- É Morais!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

(off) Barbie


Por se encontrar enferma há alguns meses, Vovó Bia emagreceu uns 10 quilos, de forma que as roupas folgadas já atestam sua silhueta esguia. Não sei bem se foi isso que motivou as palavras elogiosas de Laurinha esta manhã, quando dedicou-se a brincar com uma de suas bonecas ao lado da avó:
- Vovó, você parece a Barbie!
A mim, que me encontrava na cozinha naquele momento, pareceu uma referência sutil à condição física da matriarca, mas certamente minha neta apenas louvava a beleza de minha esposa...

(off) O cinza

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Não posso dizer que as crianças sejam exatamente preconceituosas, embora, como reencarnacionista que sou, entenda que todos trazemos uma bagagem de orgulho e egoísmo que precisamos desfazer a golpes de caridade e humildade. Explico-me: é que hoje de manhã me contaram aqui em casa que Vovó Bia ensinou uma musiquinha a Ulisses e meu neto manifestou um comportamento assaz surpreendente. Nessa música, a avó de Ulisses, Pedro e Laura qualificava os netos a partir do tom da pele. Ora, os mais velhos, filhos de minha filha mais morena, são notavelmente branquelos, enquanto Ulisses, filho de minha filha mais branquela, nasceu bem moreninho, daí Vovó Bia cantar:
- Eu tenho três netinhos que amo de coração; um é preto e dois são branquinhos...
Mas Ulisses se rebelou ante essa descrição, segundo Tia Sal que contou, revelando que então perguntou ao menininho:
- Você é o netinho preto?
- Não!
- E qual é sua cor?
- Cinza!
O IBGE deveria saber disso para o próximo censo?

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