sábado, 23 de julho de 2016

(off) Virtude


Mamãe Sal faz o devido esforço para educar Pedro e Laura e, como (quase) toda mãe, às vezes se zanga e briga com as crianças, razão pela qual Pedrinho aproximou-se dela, agora há pouco, com alguma reserva para relatar certo acontecimento e depois justificou-se:
- É para você não brigar comigo.
Entretanto, Sal ponderou com o menino:
- Eu só brigo quando vocês não falam a verdade.
Pedrinho gostou da assertiva e observou:
- É, eu tenho que ter honestidade.
Nesse momento, Mamãe Sal, Vovó Bia e eu mesmo passamos a incentivá-lo:
- Não apenas honestidade, mas também sinceridade, lealdade, fidelidade...
Meu neto fica feliz com as ponderações e despede-se assim:
- É, eu tenho todas essas coisas!
De onde estou, grito para ele, que não me ouve:
- Você também tem muita modéstia, Pedro!

(off) Dinheiro lavado


Ontem à noite, recordei, junto à Mamãe Sal, que eu havia deixado cem reais no bolso da bermuda que pus na máquina de lavar, esperando que Bia ainda não tivesse realizado essa operação tão comum nas lides domésticas. Mas Sal me observou:
- Você sabe que isso é crime, não é?
Distraído que estava, em frente à tela do computador, não captei o sentido das palavras de minha filha e por isso perguntei-lhe:
- Crime, por quê?
E ela não se fez de rogada:
- É lavagem de dinheiro.
Então percebi o alcance histriônico da observação de minha filha e ri, pedindo a ela que não levasse meu pequenino drama ao juiz Moro.
Mas Pedrinho, no corredor, ouviu parte de nossa conversa e quis saber:
- Por que lavar dinheiro é crime?
Em vez de responder à dúvida de meu neto, eu lhe disse apenas que nem quisesse saber e que ficasse dessas coisas o mais longe possível...

sexta-feira, 15 de julho de 2016

(off) Veia poética



Podemos dizer tudo de Pedrinho, que ele é distraído, relapso com seu material escolar, desobediente, teimoso... mas não se pode negar que meu neto é dono de uma alma doce, e que sua falta de atenção para as coisas prosaicas é devida unicamente à cabecinha de vento própria dos poetas, o que ele já demonstra desde cedo. Falo isso porque na manhã de hoje, precisando futucar alguma coisa no escritório - local que divido com os meninos (logo, logo Ulisses também será um desses usuários) - encontrei no chão uma folha rabiscada e conveniente dobrada como um envelope com a missiva a ser enviada. Era um poema destinado a um tal "Colégio Doce" (a letra O foi desenhada como se fosse uma rosquinha) que me comoveu após a leitura. Vejam, com a ortografia própria de uma criança de sete anos que ainda não presta muita atenção nas lições de gramática:

O bom dia

Eu acordei...
vi sua foto...
senti você
nos meus brasos...

Porque teve um
bom dia
com muita
alegria

a escola não
tem mais prova...
e você é
a chave...

sinto vontade
de até voar
com você

(DE: Pedro Lucas
Para: esse colégio doce)

Não é lindo?

quinta-feira, 14 de julho de 2016

(off) "Magrela" turbinada


Ontem à noite, quando Pedrinho e Laura chegaram aqui em casa, trazidos pelo Papai Alexandre, este me trouxe a informação de que meu neto ainda não se habituou a andar de bicicleta. Sim, no último Natal (ou terá sido no último aniversário?), o menino ganhou uma "magrela" e por mais que eu o estimulasse Pedro não encontrou jeito de se dar bem com o veículo. Por fim, pedimos a Alexandre que levasse a bicicleta para sua casa, porque, já que ele tem carro, poderá levar Pedrinho para as tentativas de adaptação. Creio que o domingo tenha sido um dia de aprendizado frustrado, pois ao chegar aqui Alexandre me fez saber da pergunta que meu neto lhe fez:
- Papai, bicicleta tem "airbag"?

sexta-feira, 1 de julho de 2016

(off) Axilose?


Não é fácil adolescer e meu neto mais velho, o Sr. Pedro Lucas, está ansioso para chegar a essa fase da vida, apesar do que ele ainda não sabe mas já começa a perceber, aos sete para oito de seus anos entre nós. Sim, a pré-adolescência já se instala no corpo e na mente de nosso menino que aos poucos compreenderá as contradições desse processo de transição, quando quer tomar atitudes mais "maduras" e ainda tem comportamento infantil. Mas uma coisa é certa: os hormônios, nesse ínterim, parecem ganhar vida própria e Pedro é a vítima da vez. Logo após chegar da viagem feita com o Papai Alexandre, que o levou a Pernambuco, junto com Laurinha, meu neto procurou Mamãe Sal e apelou:
- Mamãe, eu preciso de muitos banhos, porque não estou aguentando o cheiro de minhas axilas!