sexta-feira, 25 de abril de 2014

(off) Índio de batom

E porque se encontrasse acidentado, restabelecendo-se, Pedro não foi à escola esta manhã. Mas Laura foi, e vestida como se à praia fosse e foi com essa suspeita que a cumprimentei logo que chegou aqui. Contudo, fui informado de que o programa escolar de hoje exigia pouca roupa porque ela e os coleguinhas seriam fantasiados de índios. Muito bem. À hora de descer, com Mamãe Sal, para tomar o transporte, a menina já ia descendo as escadas quando Vovó Bia queixou-se de que não havia recebido seu beijo e Laurinha retornou para o ofício completo da despedida. Foi então que a Vovó notou algo estranho na mão da netinha e foi Sal quem deu a explicação: "É um batom!"
Eu estranhei: e índio usa batom?

(off) História sangrenta


O dia 24 de abril entrou para a história de nossa família, por ter sido a data em que Pedro fez sua primeira peripécia marcada pelo derramamento de muito sangue. Quando cheguei em casa, ontem à noite, João Alexandre, um dos amiguinhos de meus netos, filho da vizinha Elaine, veio me dar a
notícia, mal entrei no prédio:
- Pedro quebrou a testa; saiu muito sangue.
Pelo horário e pela tranquilidade reinante no apartamento, deduzi que o menino já havia sido medicado. E como ele não estivesse na sala, fui até o quarto e não vi ninguém abatido pelo acidente sofrido, mas o garoto serelepe de sempre via desenhos animados na TV, enquanto sua irmã desenhava sobre a cama. Quando me viu, Pedrinho, ostentando um vistoso curativo, levantou-se e começou a saracotear. Depois Vovó Bia me disse que a casa esteve muito visitada naquele início de noite, desde que no fim da tarde Pedro caíra e partira o supercílio, precisando tomar três pontos no setor de Emergência de um dos hospitais da cidade. Por coincidência, o Tio Caio esteve aqui ontem, em companhia de Mateus, e pôde acalentar o arteiro do dia. Também a Dinda Ananda apareceu, junto com Gabriel, e o que seria talvez um momento de dor e comiseração transformou-se numa ruidosa festa...


sábado, 19 de abril de 2014

(off) Águas feirenses

Pedro e Laura foram passar o feriadão em Feira de Santana, na casa de Vovó Mara, que os enche de mimos mas também exerce alguma autoridade. Mas qual tipo de obediência esperar de crianças acostumadas a ter sua vontade quase sempre satisfeita? É o que indagamos a partir do episódio contado por tia Ana. Segundo esta, os meninos já haviam tomado banho e estavam devidamente arrumados quando Laurinha inventou de querer brincar com a água de uma bacia, no quintal. Vovó Mara, zelosa, pediu à menina que não mexesse na água porque ela já estava arrumadinha etc. etc. Mas quando Mara se distraiu, Laura fez a travessura. Assim, quando os adultos puseram reparo na menina, ela já estava sentado no chão cimentado do quintal com a parte de baixo das roupas molhada e já começando a lavar a ponta de seus cabelos. Vovó Mara teve que reclamar:
- Laura, eu não lhe falei que não podia mexer na água para não ficar gripada?
A menina não se dá por achada e exclama, com alguma graça, que não seria por aquela brincadeira que pegaria uma gripe:
- Vovó Mara, cabelo não é pele!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

(off) Melodias

Tia Daniela, a noiva da vez, e tia Aninha combinaram com Laurinha uma antiga cantiga religiosa para a menina cantar na cerimônia do casamento. Laurinha propôs-se a ensaiar e já tem a música na ponta da língua. É um hino sacro que toda criança conhece, ao menos as católicas: "Mãezinha do céu, eu não sei rezar, eu só sei dizer que eu quero te amar; azul é seu manto, branco é teu véu, mãezinha, eu quero te ver lá no céu". No domingo, subindo a ladeira para irem ao Centro tomar passes e participar da gincana da Evangelização Infantil, minha netinha aceitou a proposta de aproveitarmos o ensejo para o tal ensaio e cantou umas três ou quatro vezes esse hino. Mas houve um momento em que ela, sem se cansar, decidiu mudar o repertório para me surpreender:
- Vovô, que tal aquela música sua?
E antes que eu perguntasse qual era minha música, ela entoou os versos de uma composição armorial de Antonio Nóbrega:
- "Iaiá, me dá teu remo, teu remo pra eu remar; meu remo caiu e quebrou-se, Iaiá, lá no alto mar"...

(off) Gíria

Em mais uma tentativa de escalar a parede, agora há pouco, nosso menino-aranha desequilibrou-se e caiu estrepitosamente, mas sem danos, felizmente. Ouvindo o barulho, fui até o quarto e o proibi de subir outra vez. Saindo de lá, ouço-o vangloriar-se ante a irmã:
- Laura, você viu como eu caí? Eu tomei um susto retado!

(off) Casamento outra vez

Ontem à noite recebemos a visita de tia Ana Maria, em companhia de sua filha, Daniela, e do noivo desta, Fábio. Os nubentes vieram pedir a Pedro e Laura que aceitem ser, respectivamente, o guarda e a dama de honra de seu casamento. O convite veio embalado numa caixa grande e bonita, contendo dois bonecos de pelúcia: um ursinho panda, para Pedrinho, e um outro bichinho de difícil identificação com as pernas bem compridas, para Laurinha. Mas antes que a caixa fosse devassada para ter seu conteúdo revelado, tia Dani verbalizou seu pedido perguntando aos meninos se eles sabiam o que é casamento. Claro que sabiam, e por isso Laura respondeu pela dupla:
- É quando uma moça se casa com um moço!
Feito o pedido, esperava-se uma resposta, mas Pedro demonstra ser do contra:
- Eu estou cansado de casamento!
Mas quando Daniela começa a explicar qual será a participação dele, o menino reage de forma a nos fazer rir:
- Não entendi nada!
Nova explicação vem em seu socorro, mas parece que não adiantou muito, porque Pedrinho devia ter entrado no casco de uma das tartarugas ninjas de que tanto gosta:
- Estou confuso!
Daniela, porém, não se acanha e diz que ele e Laura vão, tão somente, anunciar a entrada dos noivos na igreja. Uma luz se acende e Pedro exclama:
- Agora entendi!

(off) Aula

Depois do almoço em família, num shopping, as mulheres - Laura inclusive - resolveram ver vitrines e os homens fomos à livraria. Fiquei em companhia de Pedro na seção de livros infantis enquanto Gabriel, meu genro, foi fuçar as prateleiras. Sentei-me para ver uma publicação sobre arte e Pedrinho encontrou um livro da Peppa, personagem de um desenho animado que ele e a irmã adoram. Sentado próximo de mim, ele lia algumas frases e isso chamou a atenção de um outro avô presente, talvez impressionado com o fato de meu neto já saber ler com desenvoltura. Pois esse homem ajoelhou-se junto de Pedrinho solicitando apreender o conteúdo do tal livro. Pedro não se fez de rogado e explicou tudo que via em cada página, perguntando se o homem havia entendido. Ante a confirmação do "aluno", o menino exclamou:
- Você já está pegando o jeito disso!

(off) O pedido

Depois de terem feito uma bagunça daquelas na cama da Vovó, os meninos, Laura, principalmente, enfim guardam na caixinha própria os artefatos com que brincaram. Guardo a tal caixa sobre a cômoda, razoavelmente longo do alcance deles, e venho para o escritório. Quando Laura dá por falta de uma bonequinha, vê que a dita cuja está também na caixa e puxa uma cadeira para ter acesso ao brinquedo. No entanto, ouvindo o barulho, vou até o quarto e, vendo a cena, ordeno que ela desça e ponha a cadeira no lugar. Ela chora: "Ariel!" Sei muito bem o que ela quer, apesar do apelo de Pedrinho em favor da irmã: "Ela quer a boneca", e digo a ela que peça. A menina continua chorando e não adianta Pedro oferecer a orientação: "Peça por favor, Laura!". Volto para o escritório e esqueço o fato. Mais ou menos uma hora depois, lá vem ela fazer o pedido:
- Vovô, por favor, você me dá minha boneca Ariel?
Surpreso, manifestou meu estranhamento:
- Até que enfim você pede direitinho! Por que demorou tanto?
A resposta me desconcerta e faço força para não gargalhar:
- É que eu já me acalmei...

domingo, 13 de abril de 2014

(off) Gramática

Decidido a escrever a palavra "galinha", Pedro se embatuca com o lápis, que não consegue registrar no papel suas pretensões sem a necessária competência, e por isso recorre a este avô:
- Vovô Chico, qual é a letra que faz "nha"?

(off) Casamento outra vez!

Ontem à noite recebemos a visita de tia Ana Maria, em companhia de sua filha, Daniela, e do noivo desta, Fábio. Os nubentes vieram pedir a Pedro e Laura que aceitem ser, respectivamente, o guarda e a dama de honra de seu casamento. O convite veio embalado numa caixa grande e bonita, contendo dois bonecos de pelúcia: um ursinho panda, para Pedrinho, e um outro bichinho de difícil identificação com as pernas bem compridas, para Laurinha. Mas antes que a caixa fosse devassada para ter seu conteúdo revelado, tia Dani verbalizou seu pedido perguntando aos meninos se eles sabiam o que é casamento. Claro que sabiam, e por isso Laura respondeu pela dupla:
- É quando uma moça se casa com um moço!
Feito o pedido, esperava-se uma resposta, mas Pedro demonstra ser do contra:
- Eu estou cansado de casamento!
Mas quando Daniela começa a explicar qual será a participação dele, o menino reage de forma a nos fazer rir:
- Não entendi nada!
Nova explicação vem em seu socorro, mas parece que não adiantou muito, porque Pedrinho devia ter entrado no casco de uma das tartarugas ninjas de que tanto gosta:
- Estou confuso!
Daniela, porém, não se acanha e diz que ele e Laura vão, tão somente, anunciar a entrada dos noivos na igreja. Uma luz se acende e Pedro exclama:
- Agora entendi!

sexta-feira, 11 de abril de 2014

(off) Coelhinho do conhecimento

Pedro e Laura foram esta tarde, levados por Mamãe Sal e Vovó Bia - conta a lenda que a Dinda Nanda também estava presente - assistir à peça estrelada pelo Tio e Dindo Caio que falava sobre "o real sentido da Páscoa". Como acontece quase sempre quando vão ao teatro ver a performance do tio e padrinho, eles de novo choraram e ainda não conseguimos compreender que tipo de emoção toma conta dos meninos nesses momentos. Mas o que quero registrar aqui é algo que Vovó Bia contou sobre uma conversa de Laurinha na viagem de volta para casa. Disse ela que, em meio a essa conversação, minha neta recordou minha condição de estudante da Doutrina Espírita nestes termos:
- Vovô Chico sabe tudo de Deus e de Jesus!
E como não fosse bastante todo esse exagero, a menina completou:
- E eu conheço ele!
Mas a Vovó Bia ficou em dúvida e a interrogou:
- Ele quem você conhece, Deus ou Jesus?
E Laura dá sua resposta peremptória:
- Vovô Chico!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

(off) Literatura

Quando foi que Pedrinho ouvir falar de Pedro Malasartes, famoso personagem de nossa literatura de cordel, eu não sei, só sei que é assim, como diria João Grilo, e pronto! É que no intervalo entre minhas tarefas no computador costumo jogar um pouco e nesses momentos meu neto vem me "ajudar", ora palpitando, ora apoiando-se em meu braço direito, pondo em xeque minha destreza. Ainda há pouco isso aconteceu e eu tive de reclamar com ele, que saiu-se com esta:
- É, eu sou um malasartes mesmo!

domingo, 6 de abril de 2014

(off) Lição de anatomia

Vou fazer carinho em Laurinha, que deitada na cama se entretém com uma revistinha em quadrinhos, enquanto Pedro, ao lado, presta atenção na TV. Mas Laura se mexe na direção dele e então Pedro, tentando escapar, choca-se com meu cotovelo e passa a reclamar, apontando para a lateral de sua coxa:
- Vovô Chico, você machucou meu joelho!
- E é aí que fica o joelho? - pergunto-lhe.
Meu neto, explicando-me, faz um gesto abrangendo a canela até a coxa e diz:
- Toda essa parte se chama joelho!

(off) Condição

Enquanto Pedro foi presenteado com um aquaplay esta manhã, Laura ganhou um estojo de medicina com seringa, estetoscópio e termômetro, para utilizar com seus bonecos ou com quem esteja disposto a servir de cobaia. Esse fato devia estar ainda em sua memória durante o almoço, a julgar pela resposta que a menina deu a minha filha Ananda, madrinha de Pedro, quando Nandinha, observando uma certa inquietação de Laurinha à mesa, perguntou a ela se era paciente ou impaciente. Laura nem pensou duas vezes e disparou:
- Eu sou médica!

sábado, 5 de abril de 2014

(off) Ao mesmo tempo

Pedrinho ainda não sabe o significado da expressão "assobiar e chupar cana", mas já é capaz de manifestar-se de acordo com tal entendimento. Um exemplo disso ele nos deu ontem, enquanto estava ocupado brincando com sua tabuleta eletrônica e fui lhe dar o habitual copo com vitamina. Mais que depressa, ele dirigiu-se à cadeira melhor posicionada em frente à TV ligada em seu canal favorito - o dos desenhos animados - e dirigiu-me estas palavras:
- Vovô Chico, você sabia que eu consigo tomar minha vitamina e ficar conectado ao mesmo tempo?

sexta-feira, 4 de abril de 2014

(off) Vamos fazer bolo?

Quando minha filha Ananda ainda morava conosco, costumava fazer bolos e nos últimos tempos deixava que Laurinha a "ajudasse" nos preparativos. Talvez por isso a menina tenha sugerido a Mamãe Sal, ontem, que ambas fizessem um bolo juntas.
- Mas não temos os ingredientes - disse Sal, e convidou Laurinha para irem ao mercado, mas minha netinha não aceitou a proposta.
Isso foi à tarde. À noite, quando cheguei em casa, Sal me contou o episódio, já na hora de subirem para esperarem o sono reparador, e Laura ouvia a mãe, atenta, até o momento em que minha filha relatou a recusa da menina em ir com ela comprar os ingredientes que faltavam. Foi então que minha neta, arguta como sempre, exclamou:
- Vamos agora, Mamãe!