quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

(off) Elegância


Pedrinho é um encanto de menino e não é à toa que Mamãe Sal se declara apaixonada por esse seu filho. A única observação que poderíamos fazer em relação a seu comportamento é a proverbial distração que Pedro manifesta em relação a quase tudo. Digo isso porque Sal confessou hoje, para duas amigas da vizinhança, que num dia desses ela, depois de ter tomado banho e se arrumado, tanto quanto fez com Pedro e Laura, vendo o menino somente de cuecas pediu-lhe que fosse se vestir. Meu neto dirigiu-se a seu quarto e quando voltou para a sala, Sal o viu trajando calças compridas:
- Que é isso? Pra onde vai assim? - perguntou ela, para receber uma justificativa que soou como um belo elogio, apesar de provar a distração de Pedro:
- Eu pensei que a gente ia sair, porque você está tão bonita!

(off) Rainha do lar


Mamãe Sal está tendo muito trabalho para fazer com que Laurinha aceite cooperar nas atividades rotineiras da casa onde moram. A menina tem manifestado alguma rebeldia e por isso Sal tem de falar alto e com isso a menina chora. Às vezes eu interfiro, quando estou presente, tentando fazer com que minha neta compreenda a necessidade de fazer a parte dela nas tarefas do dia a dia. A parte que cabe a Laura é basicamente manter arrumado o quarto dela, mas nem isso a menina quer fazer. Na manhã de hoje, Sal ralhou com ela ao ponto de Laura explodir, chorando:
- EU não gosto quando você dá uma de rainha!
Sal não entendeu de pronto a colocação da filha:
- Como é isso, menina?
E Laura, soluçando, explica:
- Você só fica mandando, mandando, mandando!...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

(off) Truque do abraço




Este avô veio trazer a vitamina de Pedro e Laura nesta manhã, como tem feito nestes dias de férias escolares, quando os meninos costumam acordar mais tarde, e Laurinha reclamou carinhosamente:
- Finalmente!
Porque, para ela, eu havia me atrasado no compromisso alimentar matinal. Mas a menina teve um gesto de maior amplitude em relação à saudade deste avô que a mima muito, porque ontem ela e o irmão foram ao cinema com o Papai e voltaram tarde. 
Depois de receber seu copo, Laurinha me falou:
- Vovô, abaixa e abre os braços!
Tendo feito o que ela pedia, Laurinha encostou-se no meu corpo e ordenou:
- Agora fecha!
E assim ela ganhou um abraço bem apertado...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

(off) Desenvolvimento


Nosso menininho, Ulisses, já completou seu sétimo mês e apresenta um desenvolvimento além do esperado. Sua pediatra afirmou, na última consulta que meu neto já se comporta como um bebê de nove meses, ou seja, é quase um homenzinho. Não é pra menos, pois Ulisses já sabe usar o peniquinho e na sexta-feira aprendeu, sem grande esforço, a sugar líquidos com o auxílio de um canudo. Vê-se aí um pouco de precocidade, mas o que desponta é o grande desejo de aprender de meu netinho, que manifesta grande curiosidade em relação a tudo que o cerca, divertindo-se com cenas inusitadas, como aconteceu quando ele viu, creio que na sexta-feira passada, um cachorrinho com um cone na cabeça. Ulisses gargalhou ao apreciar o espetáculo. Continua cabeludo, mas ontem Mamãe Ananda decidiu aparar parte das madeixas dele, em função do calor, deixando à mostra a nuca gordinha do garoto, que é verdadeiramente calorento.

(off) Café na cama?


Laurinha ouviu Mamãe Sal comentar que a mãe de uma sua coleguinha ganhou uma bandeja de acepipes no café da manhã, no dia do aniversário dela. Minha netinha achou tudo muito interessante e externou seu desejo:
- Eu também quero uma bandeja de café da manhã na cama no meu aniversário!
Mamãe Sal riu, mas riu bem mais depois que Laura pensou melhor e consertou seu pedido:
- De vitamina!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

(off) Quando crescer...


Na segunda-feira inventei de levar Pedrinho à padaria. Na volta, meu neto iniciou uma de suas famosas conversas filosóficas, desta vez especulando o que queria ou o que deveria ser quando crescesse. Tentei dar uma forcinha a ele sugerindo que abraçasse o atletismo, por ver seu corpo esguio e suas pernas compridas, imaginando que Pedro será um bom maratonista. Mas o menino não me deu atenção e, depois de descartar duas ou três profissões, saiu-se com esta:
Vovô Chico, acho que eu vou ser desempregado.
Ri silenciosamente mas procurei dissuadi-lo dessa carreira parada:
- Como você vai se sustentar se estiver desempregado? É preciso ter um salário e salário só tem quem trabalha.
No entanto, a mente arguta de meu neto já funcionava a todo vapor e ele, observador do estilo de vida de seus familiares, disparou:
- Vou ter cartão de crédito e conta no banco!
Novamente ponderei:
- Para ter conta no banco você precisa ter um salário, e quem vai lhe pagar esse salário?
Vejam minha inocência; Pedro já tinha tudo esquematizado em sua cabecinha e me surpreendeu com sua resposta, da qual ri bastante:
- Você!

(off) Fraternidade


Como dois irmãos que se amam, Pedro e Laura também vivem às turras - e tudo por causa de uma certa tabuleta eletrônica que, ao que tudo indica, faz a cabeça de ambos. O brinquedo eletrônico pertence a Pedrinho, mas Laura, volta e meia, quer brincar no/com o aparelho e como o irmão, entretido com os joguinhos, não deixa, lá vêm o choro, a lamentação, a revolta. E se ela pega o dito cujo sem a devida autorização, é Pedro quem reclama e a briga se instala, enlouquecendo a Mamãe Sal, que tenta pôr ordem no pedaço sequestrando o "tablet". Pedro, no entanto, é mais resignado que a irmã nesses momentos e por isso vemos Laura debulhar-se em lágrimas argumentando que "não é justo" ela sofrer desse jeito.
Agora há pouco, fui eu que tive de requisitar o brinquedo, depois de uma rusga entre os dois, durante a qual a chorosa Laura se queixou:
- Pupu não me ama!
Porém, sem o brinquedo preferido e fator de discórdia, os dois vão brincar juntos com outra coisa e, mais tranquila, Laura inquire o irmão:
- Pupu, você não me ama?
Condescendente, Pedrinho ensaia uma diplomacia com a irmã:
- Eu amo você, eu adoro você, você é tudo pra mim!
E a gente ainda se mete nessas briguinhas...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

(off) Gargalhadinhas


Sim, porque ele ainda é pequeno, tem só seis meses mas já tem a manha da gaiatice, que nem os primos maiores. Claro que falo de Ulisses, o terceiro neto, que está me saindo um exímio gargalhador. Esta tarde, somente porque me viu colocar a correspondência nos escaninhos dos moradores do prédio onde moro o menininho achou a maior graça, gargalhando a cada envelope que atravessava o estreito umbral. Mas vou lhes contar uma peripécia do ex-Júpiter (ninguém por aqui, exceto Pedro, se recorda mais desse primeiro apelido): ele ainda não aprendeu a engatinhar, mas consegue empurrar o corpinho para trás, de modo que dia desses ficou com as pernas entaladas debaixo do sofá da Tia Sal, sua babá. Como gritasse, reclamando, Sal foi socorrê-lo, mas, ao observar a cena, não resistiu e tomou do celular para fazer o devido registro. Nesse momento, Ulisses parou de gritar e sorriu, fazendo pose. Parece ensinado...

(off) Três linhas


Não faz muito, Pedrinho saiu do banheiro, enquanto Mamãe Sal estava lá fora, esperando Ananda chegar para recambiar Ulisses, e acreditei que ele já houvesse tomado seu banho, seguindo a recomendação materna. Quando o vi, ele ainda estava sem roupas e por isso mandei-o vestir-se. Depois disso, saí, fui em casa, fiquei lá fora conversando com as mulheres e entrei. E Pedro estava no quarto entretido com Laurinha, que assistia vídeos na tabuleta eletrônica. Não demorou e lá vem ele queixar-se da irmã. Quando desviei os olhos da tela do computador vi as três linhas pretas no pescoço dele e perguntei, espantado:
- Que é isso, Pedro?
Meu neto foi sincero:
- Acho que é sujeira.
Esforcei-me para não rir. Levantei-me, tirei toda a roupa do menino e obriguei-o a tomar outro banho, naturalmente sob os protestos dele...