quarta-feira, 30 de julho de 2014

Especial

Ontem à tarde, este avô e o Papai Alexandre demos boas gargalhadas com Pedrinho, com quem não cansamos de nos surpreender. A pedido da Mamãe Sal, nós nos propúnhamos a auxiliar tanto Pedro quanto Laura nos respectivos deveres trazidos da escola. O de Laurinha era muito fácil e lodo a menina estava desincumbida da tarefa, restando a parte de Pedro, que consistia em recortar de revistas algumas palavras qualificativas dos avós. Para tanto, trouxe à apreciação do menino um antigo exemplar da revista Veja que trazia uma longa reportagem sobre a eleição do Papa Francisco, cujo nome aparecia em tipos garrafais na capa. Observando o fato, o pai de Pedro pergunta-lhe se na capa da tal revista há alguma palavra que remeta a um de seus avós. O menino passa os olhos pela capa da publicação e tem sua atenção atraída pela expressão "edição especial" sobre o título, em tipagem reduzida, e dispara:
- Aqui: especial!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

(off) Outro coração

Até mesmo Vovó Bia já percebeu a forte inclinação de Laurinha para os temas transcendentais, observando o quanto a menina se entrega a momentos de meditação. Talvez por isso ela veja nossa netinha fazer "do nada" perguntas de profundo significado, levantando questões que raramente ocupam a cabecinha de crianças da idade dela. Um exemplo disso é nossa já conhecida curiosidade de Laurinha com relação à presença de Deus no coração dos homens. Ela retomou essa preocupação ao inquirir Vovó Bia a respeito de um outro aspecto dessa questão, estabelecendo ambas esta diálogo:
- Vovó, o médico pode botar outro coração nas pessoas?
- Pode, Laura, e isso se chama transplante.
- E Deus vai estar no outro coração que o médico botou?

Ela vai longe, não?

(off) Eletricidade

Nosso Pedrinho é um menino sui generis e tanto nos surpreende com suas tiradas impagáveis quanto nos encanta com sua meiguice. Mas ontem eleestava quase impossível, agitado a não mais poder, ao ponto de eu me perguntar - e a ele também - onde ficava o botão de "desliga". E essa manifestação se aguçou principalmente que sua Dinda Nanda e o dindoGabriel Morais vieram visitar-nos, à noite. Nesse momento, ele era toda a atração, uma vez que Laurinha repousava na cama, acometida de mais uma virose que a fez pôr para fora turo que havia ingerido desde a merenda na escola. O fato é que Pedro só aquietou quando Vovó Bia descobriu o tal botão de "desligar", oferecendo a ele uma porção de seu prato favorito: arroz com ovo. Esta manhã, enquanto assistia à TV, observou que eu me arrumava para sair e me questionou, tendo em mente minhas ocupações espíritas:
- Vovô Chico, você vai para o Centro?
- Não - respondi -, eu vou ao médico.
Arguto, ele não perde a deixa e dispara:
- Já sei: você vai ao centro médico!

Como não rir de contente? Como não sentir orgulho?

(off) Coisa chata

O domingo que passou foi marcado pelo retorno de Pedro e Laura às aulas de evangelização infantil no Centro Espírita Deus, Luz e Verdade. Na volta para casa, Laurinha teceu elogios a Verônica, a "tia" que ministra essas aulas aos pequenos:
- Tia Verônica estava muito bonita, parecendo a Branca de Neve!
E isso porque a dita tia trajava uma vistosa saia azul.
Mas uma vez em casa, lembrei-me de questionar minha netinha:
- O que você aprendeu na aula de hoje, Laura?
A menina, a quem apraz, vez por outra, ser do contra, dá seu parecer:
- Nada!
Não me contento com essa resposta a volta à carga:
- Nada? Não lhe ensinaram nada hoje?
É então que ela resolve abrir o jogo, provocando-me uma gargalhada:
- Ela ensinou o amor, essa coisa chata!

(off) Família

A pequena filósofa daqui de casa, nossa querida Laurinha, manteve dia desses um sugestivo diálogo com a Mamãe Sal, que repassou para mim os detalhes. Laura começou perguntando sobre uma dúvida que tinha:
- Mamãe, por que as pessoas se casam?
Sal não titubeou:
- As pessoas se casas porque se amam e para terem filhos.
E explicou:
- Eu amava seu pai e após nos casarmos fizemos seu irmão e você. Depois ele deixou de me amar e foi embora, mas o normal é as pessoas que se amam ficarem juntas.
Laura pareceu entender e lembrou-se de um exemplo:
- Que nem Vovô e Vovó?
- Sim.
Ah, mas nem tudo é tão simples na vida e minha netinha, atilada como se mostra, voltou à carga, lembrando-se da tia, minha filha Ananda Muniz, casada há quase um ano com o felizardo Gabriel Morais:
- E por que Kika e dindo Gabriel não têm filhos?

(off) Pés frios

Estes dias de inverno não têm sido tão frios quanto seria de esperar, justamente porque estamos na Bahia, terra onde o Sol encontra sua contraparte ideal. Mas as noites, principalmente de madrugada, espantam o calor e Pedrinho se queixou disso na última vez que em fomos ao cinema:
- Vovô Chico, sabe o que é? - começou ele, chamando-me a atenção. - Todo dia, quando eu acordo, meus pés ficam muito frios...
Ele e a irmã, Laurinha, têm o hábito de andar descalços. Mas meu netinho, depois de preparar o terreno, faz-me o pedido:
- Você me compra umas pantufas?
Claro que fiz a promessa!

(off) Meus/nossos deuses

Não é de hoje que Laurinha me alegra e surpreende com suas reflexões filosóficas, exercício a que ela se dá mais frequentemente que Pedro. Talvez seja pelo fato de fazê-los participar de nosso culto doméstico do Evangelho e porque os levamos ao Centro Espírita dominicalmente para tomarem passes revigorantes e, agora, para as aulas de evangelização. Talvez. Mas certamente é uma tendência de minha netinha, despontando para as suaves alegrias da realidade do espírito imortal. O que quero dizer, mesmo, é que, sabedora de que Deus é o Pai que habita o coração de cada um de seus filhos, Laurinha, certamente depois de meditar muito a respeito, interrogou-me nestes termos:
- Vovô, se Deus é um só, como é que ele fica no coração de todo mundo?
Claro que tive de explicar, não sem antes dar uma sonora gargalh
ada...

quinta-feira, 10 de julho de 2014

(off) Escândalos no laboratório (2)

Laurinha já sabia que teria de ir ao laboratório tirar sangue e mesmo antes de seu pai chegar aqui em casa ela se mostrava resistente à ideia, até mesmo porque a fome apertava e a menina só pensava na vitamina. Uma vez no laboratório, ela divertia-se nos brinquedinhos à disposição das crianças enquanto não precisou entrar na sala do procedimento. E quando Alexandre entrou com Pedro, ela se manteve sentada na sala de espera, ouvindo o escândalo do irmão. Imagino que seu coraçãozinho estivesse disparado nesse momento. Mas antes que chegasse a vez dela, já tendo Pedrinho sido atendido, uma mulher foi chamada para o mesmo exame e Laura foi convidada a observar a cena. Apoiando minha netinha, disse-lhe que a moça era corajosa como só as mulheres sabem ser, mas isso não teve efeito nenhum sobre o estado emocional da menina. Chegava a vez, finalmente, sentei-a em meu colo, ajudando-a, com o pai dela, a esticar o braço para o fatal encontro entre a agulha da seringa e a veia. Novo escândalo, outro chororô e renovada tentativa de argumentação, ao berros:
- Deixe eu falar, deixe eu falar!!!
Para infelicidade delazinha, a laboratorista encontrou dificuldade nesse braço e teve de repetir o procedimento no outro, o que fez Laurinha gritar e reclamar mais ainda.
Mas saiu contente, mostrando ao irmão que havia ganhado dois adesivos amarelos...

(off) Escândalos no laboratório (1)

Nossa dupla - Pedro e Laura - foi ao laboratório esta manhã para a realização de exames, principalmente o de sangue. Como teriam de fazer o procedimento em jejum, não puderam tomar a vitamina matinal no horário tradicional. Assim, após o Papai Alexandre Lucas tê-los levados de carro, eu segui depois com os respectivos copos, posto a clínica onde fica o laboratório localizar-se pertinho daqui de casa. No momento em que tiveram que entrar na sala para a coleta de sangue, Pedro teve de ser o primeiro e foi ele quem começou o escândalo. Seguro pelo pai, o menino gritou, berrou e tentou argumentar:
- Eu mudei de ideia, eu mudei de ideia!!
Ele até mesmo apelou para uma possível misericórdia da laboratorista, que também tentava convencê-lo a colaborar, aparentemente sem ligar para as ponderações do menino, que bradava assim:
- Tia, deixe eu falar, tia!
A solução foi Alexandre me chamar para ajudá-lo na tarefa de contenção, mas nos breves minutos que durou a coleta Pedro continuou gritando, até que tudo acabou e ele ganhou um vistoso curativo adesivo amarelo em seu braço. Então ele parou de chorar e seu pai lhe perguntou:
- E então, doeu?
E com a cara mais lavada do mundo Pedrinho respondeu:
- Não.
E foi tomar, afinal, sua vitamina...