domingo, 27 de dezembro de 2015

(off) No coração da mata


Ontem fomos todos - só faltaram Caio e Mateus - visitar a Cachoeira dos Índios, nas brenhas da Linha Verde, cumprindo um programa diferente do qual participaram as famílias Morais e Muniz, reunindo o lado de lá e o de cá da parentela de meu neto Ulisses, numa verdadeira carreata, uma vez que foram necessários quatro automóveis para abrigar todos os passeantes. Claro que Ulisses também foi é por isso que escrevo estas linhas. Eu não testemunhei o fato, mas Vovó Bia garante que nosso menininho não só gostou de ter ido nesse passeio como riu ruidosamente quando, ao descer do carro, observou as árvores altas em volta. Certamente, pensei, ao ouvir o relato, ele, espírito recém-reencarnado, observou um panorama diverso daquele que nossos olhos mortais percebiam.
Sobre a cachoeira, localizada num terreno particular de acesso relativamente difícil cujo proprietário cobra uma pequena fortuna de cada visitante, conto que tivemos dificuldade em encontrá-la com a ajuda de informações da Internet e por isso, resolvemos parar no meio do caminho a fim de melhor nos localizarmos, Vendo uma "nativa" do outro lado da estrada, fui até ela em busca do informe necessário:
- Sabe onde fica a Cachoeira dos Índios?, perguntei-lhe, para ouvir esta resposta:
- Não, mas é pra lá!, disse a moça apontando para a direção que seguíamos...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

(off) Natal em duas rodas


Somente quando acordou, nesta manhã, foi que Laurinha viu o presente que seu pai lhe mandara na véspera e que Mamãe Sal teve o cuidado de esconder - tarefa prodigiosa, em se tratando de um volume inversamente proporcional ao tamanho do apartamento onde minha filha vive com seus filhos. Segundo Sal, Laura acordara bem antes de Pedro e recebeu de chofre a pergunta materna:
- Já viu o que Papai Noel lhe trouxe?
A menina disse que não e foi para a sala, fazendo a descoberta do dia, mas sem muito entusiasmo, conforme salientou Mamãe Sal:
- Ah! uma bicicleta.
Mais tarde, quando pude estar com eles, Laura me pediu para inaugurar seu brinquedo cor de rosa de duas rodas lá fora. Deu duas voltinhas e voltou resmungando do mesmo modo como seu irmão fez na vez dele, há dois anos:
- Ah! montar bicicleta é muito difícil!

(off) Ele dorme...


Um menininho dorme seu sono sossegado, aqui ao lado, e certamente sonha. É meu neto. Ulisses, E ele me faz recordar um outro menininho que uma vez dormia sobre um leito improvisado numa manjedoura. Esse menino também sonhava e procurou, ao crescer, realizar seu sonho de fazer feliz a Humanidade inteira apontando-lhe o caminho do despertamento. Sonho com uma festa diferente, um Natal sem presépios, sem enfeites de parede nem luzes coloridas; um Natal que preserve as árvores no chão onde cresceram, sem velhinhos fantasiados de vermelho na ilusão de crianças (in)felizes. Sonho com um Natal que festeje realmente o aniversariante, que receba como presente um coração puro e mãos a serviço da fraternidade; um Natal sem mesas fartas, mas farto de pessoas ocupadas em não deixar nada faltar a quem tudo ainda falta. Sonho com aquele menino da manjedoura sendo relembrado e atendido em suas propostas de amor e paz. E, enquanto sonho, tento ver esse menino nos três meninos que vêm alegrar meus dias. Sonho com Ulisses, com Laura, com Pedro... e sonho com outros meninos que são o sonho de Jesus: outros Pedros, outras Lauras, outros Ulisses.
Feliz Natal a todos!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

(off) Manicure infantil

Desci ontem, no fim da tarde, para cortar as unhas de Pedro e Laura, aproveitando que eles brincavam com os amiguinhos na calçada, ante os olhos atentos de Mamãe Sal, nessa hora ainda atuando como babá de Ulisses. Assim, enquanto tinha um de meus netos no colo para executar a função a que me propus, vários amiguinhos se acercaram para observar o serviço de manicure incompleto. Entre eles estava Maria Júlia, coleguinha de Pedro que nesse dia visitava o também colega Samuquinha, obviamente presente aos folguedos vespertinos. Notei que as unhas da menina igualmente necessitavam de cuidados, de modo que a chamei, após terminar com Laura e Pedro. Maria Júlia topou minha oferta sem reclamar, avisando, contudo, que duas de suas unhas "doíam" quando cortadas. Terminado o trabalho, todos foram brincar e fui para junto de Ulisses. Pouco depois, Maria Júlia se aproxima e apresenta-me um dos dedos da mão:
- Está doendo...
Nesse instante fiz como a maioria das mães: soprei e beijei o dedo, dizendo que já estava tudo bem. A menina agradeceu e retornou à algazarra junto aos outros amiguinhos, para não mais se queixar...


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

(off) Gargalhadas ulissianas

Mamãe Sal conquistou o posto de babá de Ulisses, para alegria e tristeza de Pedro e Laura, Desse modo, agora passarei a me referir a ela também como Tia Sal, que me contou esta tarde um episódio acontecido pela manhã, enquanto ela cuidava do sobrinho, que já completou seis meses, e dos próprios filhos. Foi quando mais uma vez Sal instou para que Laurinha arrumasse seu quarto e a menina repetiu a implicância teimosa de sempre. Nesse momento, Sal sustinha Ulisses nos braços e percebeu que ele, vendo-a reclamar com a prima, fez uma carinha de choro, que transformou imediatamento quando nosso bebê viu a prima chorar. Ulisses gargalhava a cada soluço de Laura, fazendo-a aborrecer e exclamar:
- Leve ele pra sala, ele está me pirraçando!


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

(off) Viva ela!




Há seis anos, era madrugada de um dia 11 de dezembro quando levamos Mamãe Sal, grávida pela segunda vez, para a maternidade, a fim de trazer Laurinha a este mundo complicado. Talvez este avô tenha sido um dos últimos a tomar no colo, ainda no hospital, aquele serzinho especial que vinha fazer companhia a Pedrinho. Lembro-me de olhar pra ela e perguntar-lhe pelas notícias de "lá"; em resposta, somente os olhinhos negros fixados em mim, transmitindo o mistério.
De lá para cá, uma convivência marcada pela alegria, pela revelação de uma vida em comum no passado ("Vovô, quando você era nenen, eu era grande para segurar você nos braços" - disse-me ela um dia, aos dois anos de idade!), muita birra e teimosia, porque criança é criança, e, sobretudo, a esperança da descomplicação, em se tratando de seres comprometidos com a renovação da sociedade e do planeta.
Viva Laurinha, que veio ajudar Pedro a modificar a rotina da família, trazendo de "lá" a notícia de que não ficamos desamparados, ninguém está esquecido e por isso a Misericórdia nos envia, em nome de Deus, as respostas de que necessitamos para continuar existindo e acreditando no melhor...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

(off) Em defesa do Brasil


Passando, no carro do dindo Gabriel, pelo viaduto do Cabula, na Via Expressa, Pedro avistou a bandeira afixada no alto do mastro de uma loja atacadista do Retiro e comentou:
- Vovô Chico, eu queria ter uma armadura como a bandeira do Brasil.
Embarquei na imaginação fertilíssima de meu neto e sugeri:
- Boa ideia, Peu! E você podia ser um super herói e se chamar Capitão Bandeira, o defensor do Brasil!
- É, e no peitoral eu botava o losango amarelo e o círculo azul, e eu ia morar na Caverna Brasil.
Também entusiasmado, Gabriel entrou no jogo, como se narrasse as aventuras do Capitão Bandeira:
- Enquanto isso, numa sala secreta da Caverna Brasil, o Capitão Bandeira elabora mais um plano...
Nesse momento, este Avô joga mais um argumento para Pedrinho soltar ainda mais sua imaginação criativa:
- Já bolei até seu slogan, Pedro: Capitão Bandeira, o defensor do Brasil, paladino da moral e dos bons costumes...
No entanto, Pedro joga água fria em minha sugestão:
- Esse nome está muito comprido, eu prefiro Capitão Bandeira, defensor do Brasil mesmo!

(off) Filosofia e jogos de palavras


- Vovô Chico, qual é o pior amigo de um homem?
A pergunta é de Pedrinho, recebendo ele esta resposta:
- É o próprio homem!
Não sei se ele entendeu a colocação, mas um dia poderei explicar melhor essa verdade para ele. Por enquanto, vamos nos divertindo com suas tiradas geniais. Sou, por isso, um declarado fã de meu neto Pedrinho, pelo gosto que ele tem de pensar, de dar tratos à bola. Na manhã de terça-feira, ele via desenhos animados na TV quando entrei no quarto para me arrumar antes de sair. O tal desenho falava sobre algo relacionado a ossos ou ovos e por isso me lembrei de uma piada da velha Escolinha do Professor Raimundo, que contei a ele:
- O aluno disse ao professor: "Fale alto porque eu não ouvo bem!" Mas o professor retrucou: "Não é ouvo, é ouço; ovo é de galinha!" E o aluno: "Osso também é de galinha, professor!"
Pedro riu um bocado e então informe a ele que essa piada era na verdade um trocadilho. Então meu neto declarou-me haver feito um trocadilho com ovo na escola, certa vez.
- Como foi? - perguntei, querendo aprender mais uma lição, e Pedrinho não se fez de rogado:
- Foi ovástico! - disse ele, para minha gargalhada.