domingo, 23 de julho de 2017

(off) Barganha


Parei, um pouco, de registrar aqui as tiradas de Pedro e Laura porque em verdade meus netos mais velhos, já chegando ao fim da primeira infância, têm deixado pouco espaço para a alma se manifestar, agora que a mente racional começa a tomar o controle da situação. Resultado: pouco tenho gargalhado ultimamente. Mas na sexta-feira que passou eu pude me divertir um pouquinho com Laura e vou contar como foi. Primeiramente, devo dizer que a duplinha continua alimentando muita fantasia naquelas cabecinhas, porque não desgrudam da TV, e são fascinados pela tecnologia dos videogames, de modo que não perdem uma chance de explorar joguinhos no celular ou no computador, o que só lhes é permitido nos fins de semana. Assim, Laurinha, estando aqui em casa com Pedro, cansada de apreciar os desenhos animados, vem ao meu novo escritório fazer-me uma proposta:
- Vovô, posso ficar com seu celular?
Finjo ser durão e não cedo de imediato, antes negociando a cessão do aparelho:
- Se você me der duas justificativas sérias e convincentes eu posso pensar em seu caso.
E minha neta se esforça oferecendo-me uma desculpa plausível para obter o objeto de seu desejo, mas as outras eu recuso peremptoriamente e insisto que seja uma justificativa sensata. A menina, então, me sai com esta:
- Ah, é porque eu te amo?
E o celular mudou de mãos.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

(off) Acidente


No afã das brincadeiras com o primo, Ulisses, Laurinha grita um "ai!" lá na sala e daqui de meu novo escritório eu escuto a lamentação chorosa; mas é a Vovó Bia quem vai observar o acontecido. Não demora muito e minha neta vem até mim, com seu priminho na dianteira. Laura, no entanto, não se queixa, talvez esperando que eu a interrogue para só então desabafar:
- Ulisses bateu a cabeça dele na minha boca.
Abraçando-a, pergunto, sabedor do grau de ciúme que ela manifesta em relação ao primo:
- Foi porque ele quis?
Assim, a resposta já era a esperada:
- Eu acho que foi!

domingo, 9 de julho de 2017

(off) Peripécias de Ulisses



Meu netinho, o terceiro, primo de Pupu e Aiaia - e não é que o menininho assimilou a antiga linguagem de Laurinha? - passou um dia e uma noite na casa dos avós Gustavo e Lea, que morriam de saudade desse molequinho, que voltou com um dos joelhos esfolado e coberto com um bandeide. Ananda, sua mãe, passou a interrogá-lo e Ulisses, que ainda não fala com perfeição, embora já pronuncie frases curtas, topou o diálogo:
- O que foi isso em seu joelho?
- Bobô?
- O que foi que vovô fez?
- Boia!
- Vovô estava jogando bola com você e você se feriu?
- 'ando boia.
Pronto, a história já sabemos de cor.
Dias antes dessa viagem a Stela Maris, onde moram os avós Gustavo e Lea, Ulisses se divertia com os primos Pupu e Aiaia no quarto da Tia Sal, onde fica o aparelho de TV, ligado no canal dos desenhos infantis que meu neto mais novo adora assistir. Mas ouvindo uma algazarra pouco habitual, Sal vai até o quarto e ralha com o sobrinho:
- Ulisses, pare com essa bagunça, pelo amor de Deus!
O menino para o que estava fazendo, olha para a tia e pergunta, meio que repetindo a frase ouvida:
- De Deus?