domingo, 27 de dezembro de 2015

(off) No coração da mata


Ontem fomos todos - só faltaram Caio e Mateus - visitar a Cachoeira dos Índios, nas brenhas da Linha Verde, cumprindo um programa diferente do qual participaram as famílias Morais e Muniz, reunindo o lado de lá e o de cá da parentela de meu neto Ulisses, numa verdadeira carreata, uma vez que foram necessários quatro automóveis para abrigar todos os passeantes. Claro que Ulisses também foi é por isso que escrevo estas linhas. Eu não testemunhei o fato, mas Vovó Bia garante que nosso menininho não só gostou de ter ido nesse passeio como riu ruidosamente quando, ao descer do carro, observou as árvores altas em volta. Certamente, pensei, ao ouvir o relato, ele, espírito recém-reencarnado, observou um panorama diverso daquele que nossos olhos mortais percebiam.
Sobre a cachoeira, localizada num terreno particular de acesso relativamente difícil cujo proprietário cobra uma pequena fortuna de cada visitante, conto que tivemos dificuldade em encontrá-la com a ajuda de informações da Internet e por isso, resolvemos parar no meio do caminho a fim de melhor nos localizarmos, Vendo uma "nativa" do outro lado da estrada, fui até ela em busca do informe necessário:
- Sabe onde fica a Cachoeira dos Índios?, perguntei-lhe, para ouvir esta resposta:
- Não, mas é pra lá!, disse a moça apontando para a direção que seguíamos...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

(off) Natal em duas rodas


Somente quando acordou, nesta manhã, foi que Laurinha viu o presente que seu pai lhe mandara na véspera e que Mamãe Sal teve o cuidado de esconder - tarefa prodigiosa, em se tratando de um volume inversamente proporcional ao tamanho do apartamento onde minha filha vive com seus filhos. Segundo Sal, Laura acordara bem antes de Pedro e recebeu de chofre a pergunta materna:
- Já viu o que Papai Noel lhe trouxe?
A menina disse que não e foi para a sala, fazendo a descoberta do dia, mas sem muito entusiasmo, conforme salientou Mamãe Sal:
- Ah! uma bicicleta.
Mais tarde, quando pude estar com eles, Laura me pediu para inaugurar seu brinquedo cor de rosa de duas rodas lá fora. Deu duas voltinhas e voltou resmungando do mesmo modo como seu irmão fez na vez dele, há dois anos:
- Ah! montar bicicleta é muito difícil!

(off) Ele dorme...


Um menininho dorme seu sono sossegado, aqui ao lado, e certamente sonha. É meu neto. Ulisses, E ele me faz recordar um outro menininho que uma vez dormia sobre um leito improvisado numa manjedoura. Esse menino também sonhava e procurou, ao crescer, realizar seu sonho de fazer feliz a Humanidade inteira apontando-lhe o caminho do despertamento. Sonho com uma festa diferente, um Natal sem presépios, sem enfeites de parede nem luzes coloridas; um Natal que preserve as árvores no chão onde cresceram, sem velhinhos fantasiados de vermelho na ilusão de crianças (in)felizes. Sonho com um Natal que festeje realmente o aniversariante, que receba como presente um coração puro e mãos a serviço da fraternidade; um Natal sem mesas fartas, mas farto de pessoas ocupadas em não deixar nada faltar a quem tudo ainda falta. Sonho com aquele menino da manjedoura sendo relembrado e atendido em suas propostas de amor e paz. E, enquanto sonho, tento ver esse menino nos três meninos que vêm alegrar meus dias. Sonho com Ulisses, com Laura, com Pedro... e sonho com outros meninos que são o sonho de Jesus: outros Pedros, outras Lauras, outros Ulisses.
Feliz Natal a todos!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

(off) Manicure infantil

Desci ontem, no fim da tarde, para cortar as unhas de Pedro e Laura, aproveitando que eles brincavam com os amiguinhos na calçada, ante os olhos atentos de Mamãe Sal, nessa hora ainda atuando como babá de Ulisses. Assim, enquanto tinha um de meus netos no colo para executar a função a que me propus, vários amiguinhos se acercaram para observar o serviço de manicure incompleto. Entre eles estava Maria Júlia, coleguinha de Pedro que nesse dia visitava o também colega Samuquinha, obviamente presente aos folguedos vespertinos. Notei que as unhas da menina igualmente necessitavam de cuidados, de modo que a chamei, após terminar com Laura e Pedro. Maria Júlia topou minha oferta sem reclamar, avisando, contudo, que duas de suas unhas "doíam" quando cortadas. Terminado o trabalho, todos foram brincar e fui para junto de Ulisses. Pouco depois, Maria Júlia se aproxima e apresenta-me um dos dedos da mão:
- Está doendo...
Nesse instante fiz como a maioria das mães: soprei e beijei o dedo, dizendo que já estava tudo bem. A menina agradeceu e retornou à algazarra junto aos outros amiguinhos, para não mais se queixar...


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

(off) Gargalhadas ulissianas

Mamãe Sal conquistou o posto de babá de Ulisses, para alegria e tristeza de Pedro e Laura, Desse modo, agora passarei a me referir a ela também como Tia Sal, que me contou esta tarde um episódio acontecido pela manhã, enquanto ela cuidava do sobrinho, que já completou seis meses, e dos próprios filhos. Foi quando mais uma vez Sal instou para que Laurinha arrumasse seu quarto e a menina repetiu a implicância teimosa de sempre. Nesse momento, Sal sustinha Ulisses nos braços e percebeu que ele, vendo-a reclamar com a prima, fez uma carinha de choro, que transformou imediatamento quando nosso bebê viu a prima chorar. Ulisses gargalhava a cada soluço de Laura, fazendo-a aborrecer e exclamar:
- Leve ele pra sala, ele está me pirraçando!


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

(off) Viva ela!




Há seis anos, era madrugada de um dia 11 de dezembro quando levamos Mamãe Sal, grávida pela segunda vez, para a maternidade, a fim de trazer Laurinha a este mundo complicado. Talvez este avô tenha sido um dos últimos a tomar no colo, ainda no hospital, aquele serzinho especial que vinha fazer companhia a Pedrinho. Lembro-me de olhar pra ela e perguntar-lhe pelas notícias de "lá"; em resposta, somente os olhinhos negros fixados em mim, transmitindo o mistério.
De lá para cá, uma convivência marcada pela alegria, pela revelação de uma vida em comum no passado ("Vovô, quando você era nenen, eu era grande para segurar você nos braços" - disse-me ela um dia, aos dois anos de idade!), muita birra e teimosia, porque criança é criança, e, sobretudo, a esperança da descomplicação, em se tratando de seres comprometidos com a renovação da sociedade e do planeta.
Viva Laurinha, que veio ajudar Pedro a modificar a rotina da família, trazendo de "lá" a notícia de que não ficamos desamparados, ninguém está esquecido e por isso a Misericórdia nos envia, em nome de Deus, as respostas de que necessitamos para continuar existindo e acreditando no melhor...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

(off) Em defesa do Brasil


Passando, no carro do dindo Gabriel, pelo viaduto do Cabula, na Via Expressa, Pedro avistou a bandeira afixada no alto do mastro de uma loja atacadista do Retiro e comentou:
- Vovô Chico, eu queria ter uma armadura como a bandeira do Brasil.
Embarquei na imaginação fertilíssima de meu neto e sugeri:
- Boa ideia, Peu! E você podia ser um super herói e se chamar Capitão Bandeira, o defensor do Brasil!
- É, e no peitoral eu botava o losango amarelo e o círculo azul, e eu ia morar na Caverna Brasil.
Também entusiasmado, Gabriel entrou no jogo, como se narrasse as aventuras do Capitão Bandeira:
- Enquanto isso, numa sala secreta da Caverna Brasil, o Capitão Bandeira elabora mais um plano...
Nesse momento, este Avô joga mais um argumento para Pedrinho soltar ainda mais sua imaginação criativa:
- Já bolei até seu slogan, Pedro: Capitão Bandeira, o defensor do Brasil, paladino da moral e dos bons costumes...
No entanto, Pedro joga água fria em minha sugestão:
- Esse nome está muito comprido, eu prefiro Capitão Bandeira, defensor do Brasil mesmo!

(off) Filosofia e jogos de palavras


- Vovô Chico, qual é o pior amigo de um homem?
A pergunta é de Pedrinho, recebendo ele esta resposta:
- É o próprio homem!
Não sei se ele entendeu a colocação, mas um dia poderei explicar melhor essa verdade para ele. Por enquanto, vamos nos divertindo com suas tiradas geniais. Sou, por isso, um declarado fã de meu neto Pedrinho, pelo gosto que ele tem de pensar, de dar tratos à bola. Na manhã de terça-feira, ele via desenhos animados na TV quando entrei no quarto para me arrumar antes de sair. O tal desenho falava sobre algo relacionado a ossos ou ovos e por isso me lembrei de uma piada da velha Escolinha do Professor Raimundo, que contei a ele:
- O aluno disse ao professor: "Fale alto porque eu não ouvo bem!" Mas o professor retrucou: "Não é ouvo, é ouço; ovo é de galinha!" E o aluno: "Osso também é de galinha, professor!"
Pedro riu um bocado e então informe a ele que essa piada era na verdade um trocadilho. Então meu neto declarou-me haver feito um trocadilho com ovo na escola, certa vez.
- Como foi? - perguntei, querendo aprender mais uma lição, e Pedrinho não se fez de rogado:
- Foi ovástico! - disse ele, para minha gargalhada.

sábado, 28 de novembro de 2015

(off) O dia do bacharel

Pois é, temos um novo "bacharel" em casa e ele atende pelo nome de Pedrinho, recém-formado no prestigioso curso do ABC, em solenidade realizada na última quinta-feira, o dia histórico de 26 de novembro de 2015, com direito a tudo que uma cerimônia desse porte comporta: da beca ao anel, do canudo à participação popular - leia-se: família e amigos -, o mais festivamente possível.
Da parte da escola, realizou-se uma bela apresentação cujo brilho a "palhaçada" de Marco Calil em nada diminuiu. E meu netinho esteve muito bem, descendo pela plateia com muita graça, ao lado de uma coleguinha, e concentrado quanto compenetrado de seu papel, conduziu direitinho as palavras do juramento, correspondendo ao esforço dos professores e à expectativa da família.
De nossa parte, seus familiares - Papai Alexandre, Mamãe Sal, Vovó Bia, Laurinha, Dinda Nanda com Ulisses, dindo Gabriel, Tio Caio e este Avô - exibíamos cartazes atestando o orgulho por essa primeira conquista, certos de que muitas outras virão. De triste, mesmo, só uma confissão que Pedro fizera-nos dias antes: Elisa, a coleguinha por quem seu coração infantil pulsa mais apressado, não estará com ele no próximo ano letivo, dividindo as alegrias da convivência escolar:
- O pai dela é da Marinha e vai levar a família para o Rio de Janeiro! - disse meu neto.
Ainda não é hora de dizer a ele que, enquanto o vento carrega uma flor, o jardim apresenta muitas outras...



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

(off) Formatura


Acabo de receber, das mãos da Mamãe Sal, o convite da Primeira Formatura de Pedrinho no curso de Alfabetização (ABC) da escola onde ele estuda, junto com Laurinha. O convite é em (quase) tudo como aqueles dos cursos universitários, com a diferença de que a beca é na cor azul-bebê - e nosso netinho ficou lindo dentro dela, com o capelo escondendo parte de sua cabeleira. A formatura vai acontecer no dia 26 deste mês de novembro, em Ondina e terá como oradora da turma uma certa Maria Clara. E adivinhem que irá fazer o juramento? Ele mesmo: o Sr. Pedro Lucas Muniz Silva! E é claro que não vou perder essa festa, embora tivesse que, para isso, alterar minha programação nesse dia...

(off) "Espiritices" de Pedrinho

Aos sábados, nós realizamos nosso culto doméstico do Evangelho, do qual Pedro e Laura participam, às vezes. É uma oportunidade para comentarmos as lições da moral mais pura à disposição dos homens para sua transformação íntima. Nesses momentos analisamos nossos conceitos e ideias próprios a respeito de vários temas, como caridade, perdão e justiça, procurando ajustá-los às recomendações de Jesus, agora sob a orientação da Doutrina Espírita. Por isso não foi surpresa quando ontem Pedrinho virou-se para mim e declarou:
- Vovô Chico, sabe essas coisas que você fala, espíritas?
Voltei minha atenção para ele e estabeleci o diálogo:
- Sei; que é que tem?
- Sabe, eu pensei assim: se você quer ajudar, não ajude e já está ajudando!
É claro que me dispus a desfazer esse pensamento de meu neto, falando-lhe que as orientações do Cristo sobre o amor ao próximo são bem diversas, mas entendi que Pedro se referia ao velho rifão "muito ajuda quem não atrapalha" e assim louvei seu esforço em desenvolver conceitos abstratos...


terça-feira, 17 de novembro de 2015

(off) Superpoderes



Ontem, na casa da Dinda Nanda, onde almoçamos, Pedrinho fez um curioso desenho em que mostrava, à la Sheldon Cooper, uma estranha equação e, mais abaixo, um tubo de ensaio espumando com a seguinte legenda: "Soro da imensidão". Fazia sentido junto à tal equação, elaborada nestes termos: "A-5+144-3+5=ciência". Querendo explicações, ouvi do menino que ele, quando crescer, será um cientista que inventará o tal soro da imensidão, seja lá o que isso signifique.

Mas enquanto nos encaminhávamos para a casa da Dinda Nanda, Pedrinho, puxando conversa com este Avô, revelou um desejo:
- Vovô Chico, eu queria ter superpoderes...
Dessa vez eu não dei muita corda para a imaginação dele, apenas falei-lhe da verdade:
- Mas você tem superpoderes, Pedro! Com sua vontade e seu amor, você poderá realizar grandes coisas!
Meu neto, contudo, não alcançou a dimensão de minhas palavras:
- Mas eu queria poderes elétricos e magnéticos como os dos super heróis!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

(off) Aniversário

Há mais de 30 anos recebíamos, Beatriz e eu, nosso primeiro presente da Divindade, contente por colaborarmos com ela e confiante em que daríamos conta do recado. Assim vinha ao mundo nossa primeira filhinha, Shirley, que ao nascer entendi parecer com uma salsichinha e daí veio o apelido, hoje pronunciado no diminutivo: Sal, a mãe de Pedro e Laura.
No sábado cantamos outra vez os parabéns para ela, devidamente reunidos em família, não mais recordando o passado de lições, sempre presente, mas enfocando o presente de alegrias nunca passadas, a fim de experimentarmos um futuro radioso.
Ela sabe e sente o quanto a amamos, mais ainda por ter sido ela o instrumento da vinda dos dois primeiros netos, meninos argutos que ora nos encantam, ora nos fazem perder a noção de realidade, conforme a própria Mamãe Sal pode constatar todos os dias e mais especialmente na manhã do dia 14. Foi quando Laura, sabedora de que sua mãe fazia aniversário, perguntou-lhe:
- Mamãe, quantos anos você está fazendo?
Como quase toda mulher faz, Sal tentou fingir sua idade:
- Vinte e cinco.
Mas Laurinha obtemperou:
- Ué, eu pensei que "fosse" trinta e um...
Sal ficou feliz e concordou com a menina.


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

(off) O espírito de competição


Desde muito cedo observamos essa condição em Laurinha, hoje mais acentuada ainda. Sei que durante seu crescimento isso tenderá ao abrandamento até a desaparição completa, quando minha netinha aprender a realizar o processo de autotransformação. Enquanto isso, tentamos ministrar-lhe lições educativas mesmo que em meio às explosões de humor dos adultos, Mas é interessante notar as variações de comportamento na personalidade infantil, própria das fases de crescimento e amadurecimento psicológico a que os espíritos encarnados são submetidos. Por exemplo, na tarde de hoje eu estava cuidando quase sozinho dos três netos e é claro que Ulisses, por ser um bebê ainda, tinha a primazia de ficar nos meus braços. Laura brincava com joguinhos no chão e em certo momento pediu minha colaboração, mas recebeu uma negativa justificável:
- Não posso - disse=lhe -, estou com Ulisses!
Laura não aceitou a desculpa muito bem e reclamou:
- Você só gosta de Ulisses!...
Mas agora à noite, quando minha netinha já havia esquecido o incidente, aproveitando que eu trouxera a vitamina para ela e para o irmão, indagou-me:
- Vovô, você pode ficar comigo na cama?
Isso porque ocasionalmente eu velho o soninho dela, ao som de uma historinha e algumas músicas. Assim, por conta de meu assentimento Laura exclamou:
- Oba! Você é o melhor avô do mundo!
Moral da história: não podemos perder a paciência e muito menos a esperança!

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

(off) Ulisses vezes cinco


Estamos hoje, em família e amigos, festejando o quinto mensário do pequeno Ulisses, nosso heroizinho que não tem nada de mitológico. Desta vez a festinha preparada por Tia Sal e Vovó Bia é aqui em casa, para alegria de Pedro e Laura. É que nosso netinho tem ficado conosco enquanto a Mamãe Ananda está trabalhando o o Papai Gabriel está na faculdade. Como somos todos apaixonados por ele, este Avô, principalmente, decidiu ficar mais besta ainda e ajuda as duas mulheres a tomar conta do garoto, que se comporta maravilhosamente. Só que hoje ele sujou tanto as fraldas que alguma coisa entro o marrom e o amarelo forte escorreu e o resultado foi eu ter que trocar a bermuda que havia acabado de tirar da gaveta...

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

(off) Esse Pedrinho!...



Estávamos sentados à mesa para o almoço, presentes também minha comadre Mila Paixão e sua filha Carolina Paixão, quando Vovó Bia questionou Mamãe Sal, que ainda não havia preparado seu prato, ouvindo de minha filha que não tinha fome. Mila e eu comentamos quanto à necessidade de nos alimentarmos e Vovó Bia reparou que a mãe de Pedro e Laura, que até então apenas ouviam o diálogo, estava muito magra. Nisso, meu neto abriu a boca, após engolir o bocado que mastigara, e fez todo mundo rir na sala:
- Se persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado!

sábado, 7 de novembro de 2015

(off) "Escreva pra mim!"



Na tarde de sexta-feira eu saí com Pedrinho na direção da padaria, uma vez que Vovó Bia queria pão e outros acepipes para o jantar. Subíamos a ladeira do condomínio quando meu neto avistou, lá no alto, um carteiro no movimento de descida. Quando nos encontramos, Pedro fez questão de cumprimentar o valoroso estafeta dos Correios com esta pergunta:
- Tem carta pra mim?
Simpático, o carteiro, trajando seu vistoso uniforme azul e amarelo, entrou na brincadeira e respondeu sem parar:
- Hoje não!
Ele desceu a ladeira e nós seguimos em frente, mas tive que interrogar Pedrinho:
- Quem é que escreveria pra você, Pedro?
Meu neto, que vive com a cabecinha nas nuvens, saiu-se com esta, fazendo-me gargalhar:
- Um de meus fãs!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

(off) Palco

Ontem, finalmente, foi o dia de Pedrinho subir ao palco da escola para participar do espetáculo "Cantos, contos e encantos", o sarau literário de fechamento do ano letivo no quesito artístico, posto que o evento grandioso, a formatura dos alfabetizandos, ainda está por vir. Como este Avô anunciara, ele representou o caçador da história da Chapeuzinho Vermelho. Mas havia um detalha que meu neto não tinha mencionado em casa: ele não era o único caçador, porquanto um bando deles estava a postos para caçar apenas quatro lobinhos que ameaçavam aproximadamente uma dezena de garotinhas vestidas com capuzes encarnados.
E estávamos ali, seus familiares todos, inclusive o pequeno Ulisses, sentados na plateia, ansiosamente esperando sua entrada e sua performance, que julgávamos seria tão bonita quanto a roupa que Mamãe Sal lhe havia preparado - tinha até óculos! -, vendo as apresentações se sucederem até que chega a vez da turma de Pedro. E o vimos adentrar o palco com a desenvoltura de sempre, em fila com os colegas "caçadores", circulando em torno das "Chapeuzinhos" e imobilizando os "lobos" com as cordas que utilizavam, em vez das prosaicas espingardas.
Tudo ia muito bem, mas surpreendentemente Pedro se exalta e joga-se ao chão, com cara de choro. "Vá lá, Chico!", gritou a Vovó Bia. Mas antes que eu entendesse o que estava acontecendo, já o dindo Gabriel se levantava e seguia em direção à coxia, seguindo eu atrás dele. Lá, tomamos Pedro nos braços e fomos conversar com ele, enquanto o acalmávamos. Procurando saber o que meu neto havia sentido no palco, ele lamentou ter fracassado por não ter recordado seu lugar na marcação durante os ensaios. Mas a coordenadora do espetáculo esta junto e disse que ninguém havia percebido isso, ao que Pedrinho desabafou, aliviado:
- Ufa!
A apresentação, contudo, foi repetida e, vejam só!, Pedro volta a dar o mesmo vexame. Parece que o palco não será seu ambiente natural...


terça-feira, 3 de novembro de 2015

(off) Papo-cabeça

Pedrinho pegou a "mania" de testar os conhecimentos deste pouco instruído avô e frequentemente me propõe desafios intelectuais, ao fim dos quais ele solta este comentário mentiroso, mas gostoso pra chuchu: "Vovô Chico, você é um gênio!".
Pois bem, nesta manhã, antes de descer para tomar o transporte escolar, ele veio ao sofá, onde eu me encontrava e começou mais um desses testes, aos quais eu me entrego com grande satisfação, menos para ensiná-lo e mais para aprender. Perguntou-me meu netinho:
- Vovô Chico, você conhece...? - e citou o nome em inglês de um desenho animado.
Disse-lhe que não e Pedro fez a necessária tradução, levando-me a desfazer a negativa e perguntar-lhe que é que tinha o tal desenho:
- Eles disseram que as mulheres são superiores aos homens porque ficam no canto chorando à toa. Você acha isso também?
Entendi que ele não compreenderia o que sei acerca dessa questão mas mesmo assim tentei uma explicação, acrescentando que a pretensa inferioridade masculina, nesse caso, devia-se ao fato de os homens chorarem pouco e se fazerem de forte perante a sensibilidade feminina. Depois perguntei a Pedrinho se ele havia compreendido e recebi esta resposta:
- Não entendi nadinha!
Vou ter que estudar mais um pouco...


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

(off) Matemática

Na última vez em que Pedro e Laura estiveram no Centro Espírita onde trabalho, para tomarem o passe e também participarem das atividades da Evangelização Infantil, a tia Joselita perguntou como meus netos estão na escola. Em resposta, Pedrinho disse adorar todas as disciplinas, menos Matemática. Joselita riu, mas tentou fazê-lo compreender que a Matemática é importante e está presente em nosso cotidiano. Mas Laurinha aproveitou o momento para exibir seu conhecimento dos números e começou a dobra os valores a partir do dois mais dois e só parou no 256, após duplicar 128. Joselita riu mais ainda, junto comigo e, para não ficar para trás, Pedro lançou um desafio à irmã, deixando patente sua argúcia e contradizendo sua ojeriza à matéria:
- Então me diga quanto é dois menos quatro!

  

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Na casa de Bisa

Como Vovô Chico se esqueceu de noticiar aqui, eu faço as vezes dele e digo que na quinta-feira passada ele e Vovó Bia acompanharam Dinda Nanda e dindo Gabriel na visita de apresentação de meu priminho, Ulisses, à nossa Bisa Margarida, em Feira de Santana. Laura e eu não fomos porque tínhamos de ir à escola e também porque não cabíamos no carro. Mamãe também não foi, pois tinha de cuidar de nós dois, filhos dela. E eles só voltaram quase de noite, dizendo que Ulisses gostou muito de Bisa, que é mãe de Vovô Chico, tanto quanto se divertiu com as gaiatices de nossas tias-avós Ana e Kátia, rindo muito com elas. Também levaram nosso primo para ver vovó Mara e tia Gal, que já o conheciam mas ficaram muito contentes em revê-lo. Deve ter sido um dia muito divertido para eles, porque para nós só teve a saudade... e os deveres de casa.


(off) No circo

Vovó Bia aproveitou uma promoção e levou Pedrinho ao circo ontem à tarde; Laurinha foi junto porque tinha também uma "pramocinha". E voltaram para casa, à noite, como se tivessem estado da casa do priminho, Ulisses, que ainda não tem idade para apreciar esses espetáculos. Perguntei-lhes se haviam gostado, se viram os palhaços e os malabaristas, o mágico e os trapezistas. Pedro foi enfático:
- Nós gostamos mais do Globo da Morte!
Dado o espírito aventureiro de meu neto, não estranhei, mas voltei a indagar, voltando ao passado e imaginando as perigosas manobras dos ases da motocicleta naquele reduzido espaço circular:
- Não foi assustador?
Mas não era essa a opinião de meu netinho:
- Não; foi incrível!
Sobre os palhaços, Pedrinho disse-me apenas que eles chamaram ao picadeiro dois homens e uma garota para ajudarem nas palhaçadas...
Mais tarde, conversando com Vovó Bia, ela me confidenciou que não valeu tanto a pena levar os meninos ao circo, porque a toda hora eles pediam para irem embora...


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

(off) Caçador

A turma de Pedrinho vai representar em palco a história do Chapeuzinho Vermelho e tanto ele quanto os coleguinhas estão ensaiando seus papeis. A meu neto coube o importante papel do Caçador. Foi Vovó Bia quem externou a conversa que teve com o menino acerca desse trabalho, entabulando com ele um interessante quão divertido diálogo:
- O que você vai fazer na peça, Pedro?
- Eu vou ser o caçador!
- E o que faz o caçador?
- Ele mata o lobo.
O lobo em questão será representado por nosso já conhecido Samuquinha, razão pela qual Pedrinho, que ainda não conhece a historinha russa "Pedro e o lobo", de Sergei Prokofiev, gritou:
- Eu vou matar meu melhor amigo!
Vovó Bia conteve o riso e voltou a indagar:
- E você tem alguma fala nessa peça?
Nessa hora meu neto foi mais engraçado ainda ao responder:
- Tenho! Eu vou dizer "pá... pá... pá"!


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

(off) Creche

Assim estava a casa deste Avô hoje, desde cedo, quando Pedro e Laura chegaram e a eles se juntou Alice, a filha da "mulher do transporte". Como o Prof. Alexandre Lucas, que também atende pelo qualificativo de pai de meus netos folgava hoje e veio buscar os meninos, depois foi a vez dos pequeninos, porquanto os bebês Miguel, filho de minha afilhada Laiz Pereira, e meu terceiro netinho, Ulisses, preencheram a lacuna deixada pelos mais velhos. Arranquei risadas dos dois e de Ulisses ubtive até mesmo algumas gargalhadas, que ele já consegue dobrar o riso, em seus quatro meses de experiência terrena...


terça-feira, 13 de outubro de 2015

(off) Janela



Mamãe Sal levou Laurinha, ontem, para o evento pop-axé-carnavalesco-infantil batizado de Sarau Kids, sob a batuta de Carlinhos Brown. Junto com elas foram também a coleguinha Luna e sua mãe, Mônica. O resultado, sem qualquer demérito para a atração de nosso cantor-compositor, foi a abertura de uma janelinha entre os dentes de leite de Laura, que voltou para casa com seu sorriso levemente comprometido...

(off) Anjinhos

Quando Laura e Pedro ainda eram bem novinhos, mas já sabendo falar, nós lhes ensinamos a orar o Pai Nosso, tanto na hora de dormir quanto durante nosso culto doméstico do Evangelho, com a família reunida em torno do terceiro livro a Codificação Espírita. Hoje, passados cerca de quatro anos, vemos nossos netinhos disputarem a primazia de abrir os trabalhos fazendo a prece inicial, porquanto talvez não achem estimulante fazer a oração no fechamento das atividades. Mas o que quero relatar aqui, como Avô ciente de seus deveres e desejoso de que eles aprendam o que realmente seja útil à economia espiritual, é que há duas semanas minha filha, a Mamãe Sal dessa duplinha amada, não tendo com quem deixar os meninos, levou-os à Casa Espírita que ela frequenta. Lá, os trabalhadores pediram a Pedro e Laura que fizessem a prece e os dois, em uníssono, recitaram o Pai Nosso, para encantamento dos presentes. Um desses trabalhadores, médium vidente, declarou a Sal que, por trás de meus netos, havia outras crianças, no Plano Espiritual, acompanhando a oração, como num coro de anjos...


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

(off) Perguntas

Laurinha para de escrever numa cadernetinha para me indagar:
- Vovô, por que as meninas não podem ir para um casamento usando calça e tênis.
Começo por explicar que a cerimônia de casamento, por mera convenção social, é uma festa de gala e por isso as pessoas devem usar uma roupa compatível com o momento.
Então minha neta pede vênia:
- Peraí: primeiro, o que é gala? e, depois, o que é compatível?
Minha resposta é uma sonora gargalhada...
Eu posso com essas crianças?


(off) Poetinha

No fim da tarde de ontem, véspera deste dia dedicado às crianças, levamos nosso trio mirim - Ulisses, que comemorava seu quarto mês, também foi! - à bonita festinha do segundo aniversário de Ana Júlia, netinha da amiga Isabel Santos. Não preciso dizer que Pedro e Laura se divertiram a valer, porque os anfitriões - Isabel e seu filho André - colocaram uma cama elástica - nossos meninos chamam o brinquedo simplesmente de "pula-pula" - à disposição dos pequenos. Nesse dia, Pedrinho também chegou a uma conclusão para nós perigosa acerca de si mesmo: após provar os brigadeiros de copinho, meu neto confessou-se um "chocóiatra", mas Mamãe teve o bom senso de corrigi-lo:
- É chocólatra!
Mas o ponto alto das peripécias infantis veio na saída. Quando nos retirávamos da festinha, Pedrinho, dando asas a sua veia poética, deixou no ar estes versinhos, após observar o céu:
- Na primeira estrela que eu vejo / brilha o olhar do meu desejo...
E nós, adultos insensíveis, gargalhamos.


sábado, 10 de outubro de 2015

(off) Recordações

- Vovô, você conhece Tony Stark?

A pergunta de Laurinha veio me tirar a concentração enquanto fazia a vitamina vespertina para ela e Pedrinho. E antes que eu dissesse "sim", voltei no tempo recordando a primeira parte de minha adolescência vivida em Feira de Santana, onde fui "televizinho" antes que meu pai pudesse comprar nosso primeiro aparelho de TV, justamente para torcermos pela Seleção Canarinho (na época, valia a pena) na histórica Copa do México. Foi assim que, nos programas vespertinos, quando tínhamos a autorização materna para ligar a tevê, passei, junto com os irmãos e alguns amigos que assistiam do lado de fora, espremendo-se na janela, a ver os desenhos animados com os heróis da Marvel. Então a gente sabia de cor a música que identificava cada um deles, do Homem Aranha ao Homem de Ferro, alter-ego do Tony Stark suscitado por minha netinha, passando pelo Hulk e Thor, o deus do trovão. Então disse o que Laurinha queria saber:
- Conheço, por quê?
Como há sempre um porquê nessas conversas infantis, e Laurinha me esclarece:
- Eu fiz uma música pra ele - e antes que eu peça para ouvir a tal música, a menina faz "forfait":
- Mas não quero cantar agora!...


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

(off) Materialismo

Com seu jeito desabrido de mulher em projeto que quase todo dia recebe a desaprovação materna, Laurinha também se deixa contaminar pelo apelo publicitário que na TV e nos folhetos de lojas e supermercados tentam tanto cativar quanto escravizar os incautos nas galés do consumismo desvairado. Observo tanto nela quanto em Pedrinho essa atração e no que posso procuro esclarecê-los. Com meu neto, o diálogo basta, mas a menina é um ossinho mais duro de roer e com ela temos de ser mais incisivos, tocando onde o "calo" mais lhe dói. Para que se entenda, vale informar que, dia desses, demais de fazer alguma malcriação e receber a devida reprimenda, minha neta, pouco tempo depois, aproximou-se deste Avô com um folheto de propaganda de uma loja de brinquedos e perguntou, apontando para a imagem de certo artigo:
- Vovô, você me dá essa boneca?
Nem olhei para o papel que ela trazia, mas fixei meus olhos no rostinho bonitinho que Laurinha tem e inquiri de volta:
- Você está merecendo?
Creio que nesse momento ela teve um pouquinho só de reflexão e, pousando o folheto sobre a mesa, bateu em retirada para seu quarto, deixando atrás de si estas palavras:
- Deixa pra lá!...


(off) Cantiga do Rei

Quem pensou em Roberto Carlos enganou-se. O que quero dizer é que os adultos geralmente menosprezamos a agudeza de raciocínio das crianças e ainda que exploremos a capacidade desses seres simples e por demais inventivos, não nos cansamos de ficar boquiabertos ante a expressividade naturalíssima dessas mentes treinadas para a surpresa. É que ontem à tarde, logo depois que deixei a casa de minha filha Sal para um compromisso em Villas do Atlântico, ela, Pedro e Laura ficaram na calçada, junto com vários amiguinhos e as respectivas mamães - e pelo menos um papai -, as quais cuidavam de entreter as crianças com certas brincadeiras. Houve um momento em que alguém sugeriu brincar de "letra e música", apresentando uma palavra para que os pequenos lembrassem de uma canção com aquela dica. Então pediram uma música com a palavra "rei" e Laurinha levantou a voz para declarar, enfática:
- Eu conheço uma assim: "tchururu, hey, hey, hey..."!


(off) Respeito

Laurinha está naquela fase em que a rebeldia é um traço de seu caráter em formação e isso facilmente seus familiares chamam de falta de educação, ou, no mínimo, dizem que ela é uma menina mimada. Não sei, só sei é que, com o tempo, tudo passa, tudo muda, tudo melhora, desde que nós, os adultos responsáveis, cuidemos de limar certas asperezas e podar os galhos dessa plantinha tenra que crescem fora do padrão comportamental que julgamos dentro da "normalidade".
Pedrinho, ao contrário, é um menino cordato e, fora uma ou outra escorregadela, comporta-se como um pequeno cavalheiro, manifestando gentileza com os familiares, conhecidos e alguns desconhecidos dele, mesmo que às vezes tenhamos que fazê-lo recordar desse procedimento. Mas ele também é capaz de certas atitudes que, ao invés de provocar zangas, têm o condão de nos fazer rir muito. Foi assim esta tarde, quando ele, ao me ver entretido com o joguinho dos Angry Birds, veio com esta conversa:
- Vovô Chico, eu posso botar mais coisas no seu avatar?
Meu avatar no jogo é um pássaro com cocar de índio e vários livros. Creio que há até mesmo uma gravata. Mas Pedro não se contenta com pouco e por isso lhe pergunto:
- Você acha que meu avatar é muito mangueado?
Não sei se ele conhece essa palavra, mas não deixa por menos e sua resposta me faz gargalhar:
- É, tipo você!


domingo, 4 de outubro de 2015

(off) Palavreado

No fim desta tarde de domingo, Samuquinha, o filho da tia Sibele, veio brincar com Pedro e Laura. Como nossa duplinha tem brinquedos de montão, eles ficaram ocupados durante muito tempo inventando joguinhos em parceria, uma vez que o próprio Pedrinho havia estabelecido a regra de não utilizarem o videogame de última geração presenteado pelo Papai Alexandre. Desse modo, os três valeram-se mesmo dos bonequinhos da Lego que eles tanto curtem. A brincadeira consistia em cada um deles idealizar um personagem e assim interagirem, construindo uma história como pano de fundo para a atuação individual e coletiva. A certa altura, Pedrinho, manuseando um boneco junto a Laurinha, enquanto Samuca fazia qualquer coisa no quarto de meu netinho, dirigiu-se ao amiguinho:
- Samuel, como é mesmo o nome de seu personagem?
Samuel declinou o tal nome e com isso Pedro voltou a falar, provocando-me uma sonora gargalhada:
- Então vá pra casa, Fulano (eu não compreendi o nome referido por Samuquinha), este é um momento de muita frustração!
Eu não entendi, mas ri um bocado!


(off) Aparências diferentes

Pedro e Laura se divertem bastante quando Ulisses vem à casa deles e só lamentam que o priminho seja ainda um bebê e por isso não pode interagir com eles nas brincadeiras que costumam fazer. Mas somos nós, os adultos, que nos divertimos muito com as tentativas dos primos mais velhos de fazer Ulisses rir. Assim numa dessas vezes em que aproveitavam a visita de Ananda e seu filhote à casa da Mamãe Sal, Pedrinho começou a fazer gracinhas ante Ulisses e por fim declarou, jocosamente, fazendo rir a mim e a Sal por utilizar equivocadamente uma conhecida expressão popular:
- As diferenças enganam, Ulisses! As diferenças enganam, Ulisses!


sábado, 26 de setembro de 2015

(off) A vez dos avós


A escola em que Pedro e Laura estudam realizou neste sábado a comemoração do Dia dos Avós, que transcorreu no mês de julho. Desta vez, nós, os homenageados, tivemos de ser paramentados com capas e tiaras alusivas ao tema da festividade: éramos os super heróis na visão dos netos - e dos professores! Dava para desconfiar que também alguns de nós poderiam, em dado momento, subir ao palco das apresentações para pagar... uma prenda, que micos quem paga são os mais jovens. Preocupada com essa possibilidade, uma das vovós presentes teve a perspicácia de perguntar a uma das coordenadoras da apresentação:
- Minha filha, o que nós vamos fazer com essas capas?
Com bom humor, a representante da escola tranquilizou-a:
- Não se preocupe, vocês não vão voar!

***

Então sentamo-nos todos para esperar e apreciar a performance de nossos artistas mirins e nesse momento os olhares adquirem novo brilho, o sorriso se cristaliza nos lábios e as faces ornadas por cabelos brancos ou tingidos são a expressão da alegria, uma alegria que volta e meia se manifesta em palmas efusivas. E eles cantaram. E encantaram. A turma de Laurinha saiu-se bem com a adaptação do novo sucesso de Seu Jorge, afirmando que "felicidade é saber que eu tenho a companhia da vovó e do vovô". Já Pedrinho e seus coleguinhas recorreram a uma produção original e perguntavam, para intuirmos a resposta óbvia: "Quem é que deixa fazer tudo que a mamãe nunca deixou?".
Nosso menininho, que gosta muito dessas ocasiões, manifestou, logo cedo, alguma preocupação com sua participação no palco, pois que amanhecera tossindo, externando-se com esta indagação:
- Como é que eu vou cantar com a voz assim?
Se eu soubesse o que observaríamos dali a alguns minutos, junto com a Vovó Bia, teria brincado a caráter com meu neto dizendo assim: "Este é um trabalho para o Super Vovô!". Mas o que fiz foi abrir o pote de mel com própolis e dar uma colherada tanto a ele quanto a Laura, que depois cantaram muito bem. As capas, é bom dizer, nós as trouxemos para casa, onde podemos voar em companhia de nossos pequenos...

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

À hora de dormir

Na qualidade de avô, eu não só agradeço a oportunidade de conviver com os netos como me divirto muito observando o modo como eles se comportam, principalmente quando sequer suspeitam que são observados. Ultimamente, tenho ficado com Pedro e Laura até a hora em que eles vão dormir e por vezes acompanho a prece que fazem ao recomendarem-se a Morfeu, ocasião em que posso dar alguma contribuição principalmente a Laurinha. Ela costuma orar o Pai-Nosso antes e depois faz pedidos em prol dos familiares, os coleguinhas e dos amigos. Para si própria, ela faz uma solicitação muito especial:
- Papai do Céu, faça que eu seja uma menina muito educada...
Na primeira vez em que ouvi isso, achei interessante essa petição porque minha neta não tem sido um modelo de comportamento, então aproveitei a chance para ministrar-lhe uma lição, dizendo a Laura que Deus só atenderá esse pedido se ela fizer sua parte obedecendo à Mãe e ouvindo as ponderações dos adultos. Ela pareceu compreender.
Creio ter sido ainda nessa noite que também acompanhei a oração de Pedrinho, que dorme na parte alta de um beliche e não percebeu, nesse dia, que este Avô o espreitava. Assim como Laura, meu neto igualmente faz seus pedidos após rezar o Pai-Nosso e quase perturbo seu momento de conversa com o Criador porque então ele se embatucou com os termos que queria utilizar e saiu-se magistralmente, fazendo-me rir em silêncio, assim:
- ...Eu também queria... ah, é... seja lá qual for a palavra... (e concluiu sua prece).


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

(off) Manhã no Dique


O programa dominical da família, desta vez, aconteceu no Dique do Tororó, que aos domingos tem a pista de uma das margens fechada para o tráfego de veículos e assim uma série de eventos têm lugar naquela parte aprazível da cidade. E só fomos porque o Departamento de Infância e Juventude do C. E. Deus, Luz e Verdade programou para esta data a Caminhada da Paz, fechando assim a programação do Encontro de Juventudes pela Paz (Jepaz). Fomos todos, Vovó Bia, Mamãe Sal e este avô, para acompanharmos Pedro e Laura, que lá encontrou os companheirinhos das aulas da Evangelização Infantil e os respectivos pais, vivenciando um momento de confraternização. Cumpre dizer que Laura se divertiu muito mais que Pedrinho, que só queria uma coisa: alugar uma varinha para pescar nas águas poluídas da lagoa, tanto que numa dessas vezes em que tive de resistir bastante para demovê-lo dessa intenção, meu neto resmungou:
- Quando eu crescer, vou ser pescador!...

(off) Crítica musical


Não foi só Pedrinho que resmungou no domingo que passou, quando participamos da Caminhada da Paz promovida pelo Departamento de Infância e Juventude do CEDLV no Dique do Tororó. Laurinha também implicou com uma das músicas que os demais participantes da caminhada entoavam durante o percurso. A tal canção era aquela do grupo Jota Quest que fala da despreocupação com o medo porque o poeta-compositor está indo na direção do sol. A menina certamente não prestou atenção na primeira parte da letra, porquanto à sua volta só repetiam o refrão e por isso ela reclamou:
-Que música doida, só tem isso: "onde tenha sol é pra lá que eu vou"!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

(off) Abertura


Um dia depois da comemoração de seu aniversário na escola, Pedrinho continua recebendo lembrancinhas dos colegas e por isso chegou em casa, no fim da manhã de hoje, com a mochila um pouco mais pesada. Mamãe Sal foi ajudá-lo a desfazer os pacotes e nosso menininho, cheio de entusiasmo, referia detalhes de cada presentinho. Mesmo entretido no computador, não pude deixar de prestar atenção à conversa, deliciando-me com a desenvoltura de meu neto, que me fez gargalhar ao fazer este comentário:
- Olhe, Mamãe, este presente quem me deu foi Maria Cecília; eu nunca vi Maria Cecília tão aberta!

(off) Aula de línguas

Mamãe Sal ficou toda "fusquinha" ao ouvir Laurinha declamar um poeminha no qual expressa o "eu te amo" em vários idiomas. Eu já tinha observado esse desempenho de minha neta, mas me submeti outra vez à audiência para me motivar a escrever esta notinha. O engraçado é que Laura pronuncia as palavras como se estivesse realmente falando as línguas estrangeiras, arremedando sotaques. Eis o poema na recitação da menina:

Io te amo em "italeano"
I love you em inglês
aishiteru é no Japão
e eu te amo em português.


Ulisses e o Vovô




(off) Surpresa!


Uma coleguinha esqueceu de entregar o presente de Pedrinho na festinha realizada na escola para comemorar seu aniversário. Ontem, ela e sua mãe vieram aqui, na casa de Mamãe Sal, Pedro e Laura, para fazerem a entrega, porque essa coleguinha, Maria Júlia, insistira nesse procedimento. O presente foi um belo boné vermelho com uma chamativa figura do Homem de Ferro escolhido, certamente, pela mãe de Maria Júlia. Esta, contudo, não ficou nada contente com a opção materna e estrilou:
- Não, mamãe, Pedro Lucas não gosta disso, ele só gosta de coisas do Bob Esponja!
Pois bem; quando chegaram aqui e entregaram o boné a meu neto, Pedrinho fez "aquela" cara de surpresa e felicidade e declarou, perguntando à coleguinha:
- Que lindo! Adorei! Como você sabia que era isso o que eu queria?

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

(off) Hora do discurso

Para não deixar a data passar em branco, Mamãe Sal preparou uma festinha em casa mesmo para marcar o sétimo aniversário de nosso querido Pedrinho. O menino, com o direito de expressar sua opinião, disse que queria ser surpreendido:
- Quero chegar e dizer "oh!".
Pois então tentamos, toda a família, satisfazer essa vontade dele, embora não compreendêssemos que surpresa ele teria uma vez observando os preparativos se realizarem com uma semana de antecedência. No dia marcado, este avô e o dindo Gabriel, pai de Ulisses, levamos Pedro para almoçar fora, com a incumbência de só voltarmos em cima da hora para sua festinha. Chegando em casa, já arrumado na casa da Dinda Ananda, nosso menino, ao ver todo o arranjo na sala de sua casa - um belo painel temático, a mesa do bolo e dos doces representando aspectos da Fenda do Biquini, onde vive o tal Bob Esponja Calça Quadrada (sugestão do próprio Pedro) - meu neto - contou-me Mamãe Sal depois - jogou-se no chão, fingindo desmaiar de emoção, porquanto emocionado estava, de fato, e Sal até percebeu os olhos lacrimosos do garoto.
Vários amiguinhos vieram cumprimentá-lo e por isso na hora dos parabéns eles exigiram discurso e Pedro não se fez de rogado. Dentre outras, ele disse estas palavras, orgulhando os adultos e provocando gargalhadas no final:
- Estou muito feliz por vocês virem à minha festa e daqueles que não me convidaram (ele quis dizer aqueles que não puderam atender a seu convite) eu tenho pena por não verem esta festa muito bonita que minha mãe fez...


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

(off) Sete


Ontem à noite, enquanto Pedro brincava lá fora com seu amiguinho João Alexandre, eu tentava escrever um texto com o qual pretendia homenagear meu neto pelo transcurso de seu sétimo aniversário, que festejaremos hoje. Mas logo Pedrinho veio para perto de mim e João o acompanhou, ficando os dois observando o movimento de meus dedos no teclado. Então Pedro me interrompeu para perguntar:
- Vovô Chico, você está escrevendo para você mesmo?
Entrei na dele e confirmei a assertiva, para ouvi-lo cochichar com João Alexandre, fazendo-me gargalhar:
- Ele gosta de elogios!

***

É esse o menino que se despede de sua primeira infância, encerrando com toda graça seu primeiro ciclo de sete anos e disposto a começar o próximo com todo afinco. Como se sabe, cada indivíduo vive etapas de amadurecimento biológico de sete anos até tornar-se adulto, lá pelos 21, quando se espera que esteja maduro também psicologicamente, manifestando principalmente responsabilidade perante a própria vida.
Os espíritas sabemos que nesse primeiro ciclo o espírito começa a viver sua encarnação propriamente, consolidando no segundo, aos 14 anos de idade, seu processo de reencarnação no planeta, para mais uma experiência marcada por fortes provações.
Pedrinho sabe que contará conosco, seus familiares e amigos, em tudo que seja necessário para o sucesso de seus empreendimentos na carne. Quanto a nós, que nos esforçaremos por colaborar com os esforços dele, sabemos que as alegrias desse convívio serão sempre maiores que as compreensíveis e talvez necessárias turbulências decorrentes da vida de relação, de modo que desde agora confessamos a felicidade de tê-lo de novo conosco, porquanto já estivemos juntos num passado que não sabemos precisar...
- Deus o abençoe, Peu, nosso Pedrinho, o Pupuzinho de Laurinha.

(off) Paciente e médica


Quando cheguei em casa, de volta do trabalho de atendente fraterno no Centro Espírita Deus, Luz e Verdade, Vovó Bia me pediu para vir à casa de nossa filha Sal porque Pedro tinha vomitado a noite toda. Mas encontrei o menino muito bem e Mamãe Sal confirmou essa condição, pois Pedrinho parecia haver melhorado. Logo, ele foi brincar com a irmã, Laura, no quarto desta, e se alojou entre as almofadas da cama de minha netinha. Atenciosa, a menina ajeitou a cabeça do irmão e dispô-se a cobri-lo com um lençol. Observando a cena, Sal e eu sugerimos que Laura estava atuando como médica junto àquele "paciente" e a minha neta entusiasmou-se:
- Mamãe, você pega meu "tetescópio"?

(off) Dodói de novo


O domingo foi um dia com Pedro prostrado por uma virose, mas meu netinho, apesar de magrelo, é um menino forte e logo se restabeleceu. Agora é a irmã, Laura, quem está prejudicada por um ser infinitamente menor que ela, o tal do vírus que ninguém sabe o nome. Ela já chegou enfraquecida na casa dos avós e quase não quis tomar a vitamina. Também não se sentia disposta para ir à escola, mas não atinávamos com a razão da moléstia e a fizemos embarcar no carro de tia Marilene. Quando voltei para casa, à tarde, Mamãe Sal me contou que a menina havia vomitado na escola e teve de ser recambiada para casa. Antes disso, ela chorou e a professora a inquiriu:
- Por que você está chorando?
E ela deu esta resposta, para rirmos um pouquinho:
- É que toda vez é isso: depois de meu irmão é sempre a minha vez!...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

(off) Gargalhada

É sabido que os bebês riem desde que nascem para a luz do mundo (assim nos parece) e só escancaram esse riso lá pelo terceiro mês. Pois bem, nosso pequeno quão belo Ulisses ainda vai completar essa marca e anteontem, observando as patacoadas que os primos Pedro e Laura faziam para diverti-lo, divertindo-se ambos também, nosso netinho caiu na gargalhada, a primeira com sonoridade que ele pôde manifestar. Eu não estava presente, nem Vovó Bia, mas a Tia Sal me contou que o surpreso e orgulhoso Papai Gabriel tentou gravar a performance de Ulisses e ligou seu smartphone. Mas o menino, ao ver a câmera voltada para ele, simplesmente negou-se a continuar a brincadeira, reguardando-se em sua decisão de não ser uma celebridade...