(off) Cabeleira

Pedrinho vem para junto de mim e entre um assunto e outro passa a olhar para minha cabeça e por fim exclama: "Vovô, eu adoro seu cabelo assim preto e branco, parece um xadrez..."

(off) Tchau

Dindo Caio, padrinho de Laura, veio almoçar conosco hoje e passou longo tempo brincando com os meninos, recém-chegados da escola. Depois que os alimentei, na ausência da Mamãe Sal e da Vovó Bia, deixei-os vendo TV e fui também comer meu almoço. Enquanto eu fazia isso, Caio foi até a cozinha fazer o prato dele e logo depois Laurinha vem à sala procurá-lo e o ouve assobiar, perguntando:
- Dindo Caio, cadê você?
Na cozinha, Caio brinca com ela:
- Eu já fui embora!
E Laura lamenta:
- Puxa, e você nem me deu um beijo!...

(off) Aquele lado...

Pedrinho acordou todo contente hoje e já mostrou para nós como está, na escola, ensaiando para a comemoração do Dia dos Pais, que se aproxima. Cantou quase toda a música da celebração, uma adaptação de "Ursinho Pimpão", para o que reservamos um profundo silêncio de total atenção. Em seguida a Vovó Bia perguntou-lhe se havia gostado das duas cuequinhas que ela conseguiu costurar ontem e o menino afirmou, no entanto fazendo uma consulta inusitada nesse sentido:
- Vovó, você pode fazer um lado lateral?
Rindo muito, fiquei imaginando em que consistiria esse "lado lateral", embora seja óbvio...

(off) Amor, sonho e vitamina

Pedrinho foi o primeiro a adormecer ontem e suas últimas palavras foram para mim: "Vovô, eu amo você." E depois acrescentaria o advérbio de intensidade: "Muito!" Dei-lhe um beijo e o recomendei aos Bons Espíritos. Pela manhã, ao despertar, a Mamãe Sal o abraçou e deve ter dito que o ama muito, porque só ouvi o menino responder que a ama também - e julguei que ele dormiu sob o signo do amor, tanto que perguntei-lhe se havia dormido bem e a resposta foi positiva. "E você sonhou?", indaguei, e ante seu "sim" quis saber com quem ele tinha sonhado e Pedro foi incisivo: "Com você!" Mas logo acusou a fome e me deu pressa no preparo da vitamina. Trazido seu copo, ele serve quase todo o conteúdo e exclama: "Isto me engordou!"

(off) Cheiros e carinho

A surpresa me esperava em casa, dentro da primeira gaveta de minha cômoda: a mensagem que Laurinha me trouxe da escola, homenageando-nos, à Vovó e a mim, pelo transcurso do dia a nós dedicado. A mensagem, que passo a transcrever aqui, tão cativante que é, intitula-se "Cheiro da vovó e do vovô". Ei-la:

Tem gente que tem cheiro de passarinho, quando canta, de sol, quando acorda, de flor, quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso na brisa da tarde, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça, lambuzando o queixo de sorvete, melando os dedos com algodão doce.
Tem gente que tem cheiro de banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sente que os anjos existem e que alguns são visíveis. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal, do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acende no céu. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria, recebendo um buquê de carinhos, abraçando a felicidade. Ao lado delas, saboreamos o toque suave que sua presença sopre no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné, do brinquedo que a gente não larga, do acalanto dos seus braços macios. Ao lado delas a gente ri, canta, brinca e adormece ouvindo o maravilhoso som da sua voz, quando nos conta uma linda história.
Os meus avós são assim: bonitos como uma manhã de primavera, cheirosos como jasmim, doces como o mel.

E isto não é tudo: também ganhamos o mais lindo quadro já pintado: a mãozinha de Laura (sim, Pedro foi o intermediário da homenagem à Vovó Bia) impressa em tinta numa superfície plana que logo, logo será emoldurada. Em seguida, minha netinha recitou-me estes versinhos aprendidos com a Pró Ângela:

"O vovô é legal
é legal, sim
venha pra cá
pertinho de mim."

E o poema, na verdade uma canção, termina com uns beijinhos estalados, os mais gostosos do mundo!

(off) Dia do Vovô

Sim, sabemos que tais efemérides são formalidades dos homens movidos por interesses às vezes não tão nobres assim, mas vale a comemoração quando o afeto é que comanda a ação. Assim  dizendo, lembramos que os propalados dias das mães, dos pais, das crianças e dos avós não têm data certa, específica, sendo próprios do cotidiano. Pois bem, embora esta sexta-feira seja marcada na folhinha como o Dia do Vovô e da Vovó, a verdade é que, para mim, a festa foi ontem à noite. Quando cheguei em casa, de volta de mais um compromisso no Centro Espírita, Pedro e Laura ainda estavam acordados, mesmo acondicionados na cama do sofá para o necessário repouso, e ficaram alegres ao me verem. Mais espevitada que o irmão, Laurinha levantou-se logo e se atirou em meus braços, querendo brincar. Mas fi-la retornar ao travesseiro pretextando ter que trocar de roupa, tomar banho, essas coisas e ela consentiu. Dirigi-me ao quarto, onde a Dinda Ananda e a Vovó Bia viam TV e enquanto guardava meus pertences Pedro surgiu à porta, perguntando: "Posso entrar?" Ele nunca foi tão parcimonioso assim e, achando graça, tomo-o no colo e o deposito na cama, ao lado da avó. Não demora muito e chega Laura, com a mesma conversa: "Posso entrar?", recendo de minha parte o mesmo tratamento. Embora pedisse que eles ficassem quietos, os dois só queriam algazarra e levantaram, pularam na cama, abraçaram-me falando alto ao ponto de a Vovó, de antenas ligadas na TV, ralhar conosco: "Calem a boca que eu quero ouvir!" Então carreguei os dois nos braços e voltamos para o sofá, de onde eles só saíram esta amanhã, ao acordarem...

(off) Vitamina

Como já foi dito, Pedro e sua família têm dormido aqui em casa, enquanto o quarto dele e de Laura não fica pronto lá em cima, de modo que, acordando mais cedo que eles, podemos notar o comportamento de ambos enquanto dormem e quando começam a despertar. Nesta manhã, Pedrinho acordou um pouco depois da Mamãe Sal e, enquanto se espreguiçava e pressentindo movimentação na sala, expressou-se assim, numa voz gutural: "Quero vitamina." A Dinda Nanda, de pé, não entendera a locução do menino, mas levantei-me e fui entregar-lhe seu copo verde decorado com sapinhos. Depois que sorveu o quanto quis, Pedro agradeceu: "Está deliciosa!"
Não é para ganhar o dia?

(off) Por Vovô e Vovó

Nesta sexta-feira, dia 26 de julho, a escola onde Pedro e Laura estudam celebrará, mais uma vez, o Dia dos Avós. Laura já está, há dias, ensaiando uma apresentação, em suas aulinhas de balé. Quanto a Pedro, hoje ele sentou-se à mesa, logo após o almoço para começar a fazer o dever de casa, sob a supervisão de Mamãe Sal, incumbida de fazer os recortes nas revistas para compor o tal dever, que consistia em preencher um coração impresso no papel com palavras recortadas que representassem o sentimento do menino para com seus avós. Aproximo-me para bisbilhotar e leio as palavras gentis que Sal recortou, entre elas, a palavra "ensina", que leio em voz alta. Pedro, então, puxa conversa:
- Vovô Chico, você me ensina muitas coisas!
Acho graça e dou corda:
- Que é que lhe ensino, Pedro?
E ele:
- Você me ensina a ser forte, saudável...
E corre para o quarto, talvez pensando na vitamina que ele e a irmã adoram.

(off) O quarto azul

Pronto, Pedrinho não está mais triste com a inevitabilidade de Ananda, sua tia e madrinha deixar nossa casa, pelo casamento com Gabriel, em setembro próximo. É que o novel casal já alugou o apartamento onde passará a residir e, recebidas as chaves, levou Pedro e parte da família para conhecer o espaço. O menino exultou, principalmente quando soube que um dos quartos, pintado de azul, estaria reservado a ele, que algumas vezes poderia até mesmo dormir lá.
- Você gostou, Pedro? - perguntou Ananda.
- Eu adorei, Dinda. Quando é que vão trazer minha cama?

(off) Magia

Mal chego em casa esta tarde, de volta do trabalho no Centro, e Pedro vem me mostrar o presente que ganhou da tia Sibele, extensivo a Laurinha: um estojo de mágica. Felicito-o pela aquisição mas isto não é tudo para ele, que me acompanha em direção ao quarto onde guardo meus pertences:
- Vovô Chico, você me ajuda com essa magia?
Acho engraçada a maneira como ele me fala e o indago no mesmo tom:
- Você quer fazer magia?
Mas, arguto como ele só, Pedrinho me corrige:
- Eu não quero fazer magia; eu quero aprender a fazer magia!

***

Então vamos lá!

(off) O engraçado

O apartamento de minha filha passou por reparos recentemente e precisou ser pintado. Por causa do forte cheiro de tinta e também devido às arrumações nos quartos, ela e os meninos estão dormindo aqui em casa. Toda manhã, desde há três dias, tem sido um prazer vê-los acordar, porque pô-los para dormir é uma trabalheira daquelas! Então, na manhã de hoje, enquanto tomava meu chá, observava Pedrinho, já fardado, tentando afastar o que restava de seu sono. Provoco a verve dele:
- Você é pedra ou você é Pedro?
- Eu sou Pedro.
- Ah, Pepeu, você é pedra 90!
Ele, que não sabe do que estou falando, responde:
- Vovô Chico, você é sempre um brincalhão!  

(off) Óbvio

A exemplo de meu pai, Pedrinho gosta de fazer piadas e é essa característica principalmente que me faz desconfiar de que meu neto seja meu genitor de volta ao palco terrestre, pela via da reencarnação. Pois de vez em quando Pedro, tentando repetir o que ouve em seus programinhas preferidos na TV, tem uma historinha histriônica para contar. Esta manhã mesmo ele fez isso com a Mamãe Sal, enquanto esta o arrumava para ir à escola. Interessado no assunto, pedi que Pedrinho também me contasse a piada que fez sua mãe rir. E ele atende meu pedido:
- É assim, Vovô: o que as vacas e as crianças fazem numa aula de ioga?
Declaro minha ignorância e lhe pergunto a razão e lá vem a resposta, da qual devemos rir:
- Fazem aula de ioga!

(off) Aula de inglês

Aconteceu numa dessas manhãs, na ida ou volta da escola, dentro do carro da tia Marilene, "a mulher do transporte". Pedro brincava de falar inglês "pronunciando" palavras de um modo muito peculiar: embolando a língua, para dar a impressão de ser um outro idioma o que ele tentava expressar. Laura quis tentar, mas frustrou-se: "Ah!, eu não sei falar inglês!" Mas o irmão a incentiva e ela por fim repete o som embolado com a língua enrolada na boca. Fica feliz e exclama: "Eu consegui! Eu sei falar inglês!" Pedro, como um bom professor, mais que um bom irmão, felicita a menina: "Parabéns, Laura, você é uma ótima faladora de inglês!"
Não preciso dizer que a "mulher do transporte" se divertiu muito, né?

(off) Homenagem

Pela proximidade do dia 26 de julho, quando se comemora o Dia do Avô e da Avó, Mamãe Sal conversa com Laura e pergunta se a menina já está ensaiando, na escola, a dança da homenagem ao "dia da vovó". Laurinha, porém, chama a atenção da mãe para a verdade dos fatos:
- Mamãe, é dia da vovó e do vovô!

(off) Palavra

Ontem à tarde, estando na companhia da mãe, da avó e da irmã, Pedrinho fez algo que desagradou a sua genitora e esta ralhou com ele. O menino, como faz sempre nessas ocasiões, assume a postura do arrependido: "Mamãe, você me perdoa?" Mas como Sal já sabe que esse pedido não quer dizer muita coisa, pois criança logo esquece o malfeito antigo e já engatilha o próximo, numa atitude nada cristã diz-lhe: "De que adianta lhe perdoar, se você vai continuar fazendo as mesmas coisas?" Pedro se retrai ante essas palavras mas não desiste. Olha bem fundo nos olhos da mãe, faz uma carinha de cachorro perdido e implora: "Me dá um abraço?" A mãe o abraça e enquanto é acarinhado meu netinho exclama: "Me desculpe, mamãe, eu nunca mais vou fazer isso. Palavra de menino Pedro não falha!"

Praia e piscina com Papai

Ontem, depois de muito tempo, nós fomos passear com Papai, que nos levou para tomar banho num lugar muito bacana que tinha praia e piscina. Vovó foi com a gente e disse que o nome daquele lugar é Amaralina e entramos por cortesia de tia Laiz que estava trabalhando lá, num quartel. Foi mesmo muito divertido e eu fiquei mais na piscina funda do mar com Vovó - mas ela nem entrou na água! -, enquanto minha irmã, que é pequena ainda, ficou na piscina com Papai. Depois nós fomos almoçar e voltamos para casa, de tarde. Valeu, Papai!

(off) Tiradas de Pedrinho

Nosso menino é um pândego de carteirinha. Esta manhã, acompanhados da Mamãe Sal e da Vovó Bia, ele e Laurinha foram mais uma vez ao Jardim Zoológico para ver os bichos de lá. Mas Pedrinho, muito senhor de si, adiantou-se bastante em relação às mulheres e não adiantou a mãe pedir que ele esperasse por elas. A avó, então, gritou com o menino e Pedro respondeu:
- Eu sou menino e sei o que estou fazendo!

***

À noite, após este avô chegar em casa, os dois estavam bastante à vontade aqui, aproveitando inclusive a presença do dindo Gabriel. Aproximando-se a hora do sono, Mamãe Sal dá o primeiro aviso: hora de subir para dormir! Nesse momento, Pedro via um de seus programinhas favoritos e Laura assistia a um vídeo no computador, no colo do Vovô. Nenhum dos dois dá atenção ao convite da mãe, mas ao segundo e derradeiro aviso, feito nominalmente por Sal - "Vamos, Pedro; vamos, Laura, é hora de ir para casa!" -, o menino vem para a sala e estaciona ao meu lado, reclamando:
- Eu estou cansado de ficar em casa!...

(off) Gente grande

Vovó Bia recomenda aos meninos escovarem os dentes antes de dormir e tanto Pedro quanto Laura correm para o banheiro, a fim de tomarem posse das respectivas escovas. Como Pedrinho é o primeiro a chegar, toma do tubo de pasta dental para se servir. Nesse momento a Vovó vem fazer a inspeção e não concorda com a escolha dele: "Pedro, por que você está pegando essa pasta de gente grande?" E o menino já tem uma resposta pronta: "É que eu já vou fazer cinco anos!"
Cá do computador ouço o diálogo e dou uma sonora gargalhada...

"Esse é meu primo Silas, neto de meu tio-avô Roberto, irmão de Vovô Chico."

(off) De música e outras coisas

NA segunda-feira, enquanto aguardávamos Mamãe Sal chegar da faculdade e levar Pedro e Laura para casa, Vovó Bia e eu nos entretínhamos com os meninos em nossa cama e em certo momento Pedrinho apareceu com umas dessas cornetinhas que se distribuem em festinhas de aniversário infantis e começou a fazer aquele som estridente, para desagrado dos adultos presentes. Ele não ficou muito satisfeito com a proibição e perguntou por que não poderia continuar tocando sua trombeta. Trombeta? Respondi-lhe que não era hora de fazer zoada e cacei-lhe o direito de até mesmo portar a tal trombeta. Já esta manhã, logo após nossa querida duplinha tomar sua vitamina, Sal pesquisava alguma coisa na Internet e Pedro, chegando junto do computador para fiscalizar o trabalho da mãe, vê algo que lhe desperta a atenção e fala a palavra "trumpete". Fico curioso e lhe pergunto se ele sabe o que é um trumpete e meu neto diz que não. Não me dou por vencido e peço-lhe que me diga os instrumentos musicais que ele conhece. E a resposta vem: "Trumpete, bateria... o resto eu não sei!"
Esse é o Pedro...

(off) Memória

Víamos, pela manhã, no Facebook, uma antiga foto de Laurinha, na qual ela aparece ao lado da antiga professora, Milena Peixoto, e de dois coleguinhas. Sentada em meu colo, claro que ela reconhece todos os fotografados e por isso tem facilidade em responder às perguntas que faço, procurando identificar as outras crianças. Em sua linguagem ainda não muito desenvolvida, ela diz: "Essa é Maria Fernanda e aquele é... (o nome do menino me escapou). São meus coleguinhas". Indago, em tom provocador: "E você é o que de seus coleguinhas?" Mas minha netinha é descolada e afirma com toda segurança: "Eu sou coleguinha deles", e ajunta, oferecendo nomes e sobrenomes: "E tem Fulano, Beltrano, Cicrano..." e para me fazer rir - sem querer, claro -, ela completa: "E tem Luana! Ela é menina!"

(off) Meninos grandes

Os dois brincando em meu quarto, de repente Laura vem chorando para reclamar que Pedro a expulsara: "Pupu não quer que eu fique no quarto". Estranhamos, mas pergunto a Pedrinho a razão dessa atitude e da porta ele explica: "Só podem entrar meninos grandes". E a menina, encostada na parede, argumenta: "Eu já sou grande" - e ruma para o quarto, onde Pedro tenta fazê-la entender: "Não, Laura, você ainda é uma menina pequena!"
É brincadeira?

(off) Água batizada

Por ordens médicas, tenho que tomar muita água e por isso frequentemente estou com uma garrafinha de água mineral nas mãos. E como trabalho muito com a voz, por vezes ponho uma gota de um produto homeopático à base de menta no conteúdo da garrafa, que é para suavizar a garganta. Certa feita, Laurinha provou dessa "água batizada" e não gostou. Agora, toda vez que me vê com uma garrafa de água mineral e quer tomar um gole ela pergunta: "Tem remédio?"

(off) Identidade e estranhamento

Trouxe hoje um exemplar da revista Recreio para os meninos, com um brinde dos Angry Birds encartado. Pedrinho exultou: "Que máximo!". Mas a revista veio ensacada e foi Laurinha quem se preocupou em abri-la, pois Pedro voltou sua atenção ao computador. A menina, no entanto, encontrou dificuldade e me buscou na cozinha, onde tentava fazer a vitamina deles, querendo que eu tirasse a revista do saco. Sugeri que ela pedisse ajuda a Pepeu, que é como chamo Pedrinho, mas minha netinha estranhou o nome: "Pepeu?" Vou em seu socorro e digo-lhe que Pepeu é seu irmão, a quem ela conhece apenas por "Pupu", mas nesse instante o menino já está na cozinha também e, ouvindo o final da conversa, exclama: "Sou eu!"

(off) Sonhos

Apesar de ter dormido pouco, eu tive uma boa noite de sono e os sonhos foram instrutivos e confortadores. Digo isto porque o desejo de uma criança se realizou. Explico: ontem à noite, após levar Laura e Pedro para cima, onde costumam dormir, fiz a costumeira prece com eles, confiei-os aos emissários divinos e me despedi. Mas antes que eu a beijasse, Laurinha, já ajeitada entre seus travesseiros - ela costuma ter um entre as pernas, para ajudá-la a dormir -, virou-se para mim e disparou:
- Bons sonhos, Vovô!
Dito e feito.

(off) Volta

Eles voltaram! Depois de quatro dias em Feira de Santana, visitando os parentes, nossos menininhos finalmente já estão em casa e neste momento repousam sob as bênçãos de Deus-Pai, após uma viagem cansativa de carro. Fui recebê-los na rua e trouxe-os para cima carregados nos meus braços, o que para eles foi uma delícia, embora Laura, a mais pesada dos dois, manifestasse sua preocupação com o fato de eu me esforçar assim, de modo que fez um pedido:
- Vovô, coloque meu irmão no chão!
Não estranhei o pedido da muito ciumenta irmã de Pedrinho, mas mesmo assim perguntei o porquê e ela me esclarece:
- O corpo dele é muito pesado!
Ah, tá!

Água

Vovó encontrou um filtro do tamanho da gente e o deixou ao nosso alcance na cozinha daqui de casa, dizendo que, quando tivéssemos sede, era só chegarmos lá e bebermos um copo. Laurinha é quem mais se serve, achando divertida essa experiência...