terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

(off) A Ismael

Não faz muito tempo, Laurinha, minha neta, de apenas quatro aninhos, perguntou-me assim:
- Vovô, por que nunca mais eu vi uma estrela cadente?
Não me lembro do que respondi a ela, mas ontem esse fato se deu, de modo inverso ao costumeiro. Estrelas cadentes são astros que riscam o céu e caem na Terra, mas ontem um astro luminoso partiu da Terra na direção do céu.
Refiro-me à alma nobre e generosa do amigo Ismael Alves de Souza, que aqui foi mais que um pai para mim e minha família, manifestando com atos concretos e exemplos inapagáveis as lições de solidariedade, fraternidade e abnegação de que só os pais são capazes.
A ele, que parte em demanda de novas conquistas, tendo realizado proficuamente sua missão entre nós, deixo aqui minha homenagem nesta madrugada em que desperto e, sem querer, abro o livro "Sobre a morte e o morrer", de Elisabeth Kubler-Ross, leio estas linhas que me fazem recordar a conversa de Laura:
"Observar a morte de um ser humano faz-nos lembrar uma estrela cadente. É uma entre milhões de luzes no céu imenso, que cintila ainda por um breve momento para desaparecer para sempre na noite sem fim."
Sim, aos nossos olhos mortais, parece ser para sempre, mas também será assim conosco, um dia, e nesse dia, se bem soubermos cultivar nossa incipiente luminosidade, reuniremo-nos a eles, aos que nos antecederam na grande jornada, e perceberemos a glória da imortalidade...

***

Cintilante é a água em uma bacia; escura é a água no oceano.
A pequena verdade tem palavras que são claras; a grande verdade tem grande silêncio.
(Tagore - "Pássaros errantes", CLXXVI)

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