sábado, 29 de outubro de 2022

Poema






Ao estender o moletom laranja de Pedro no varal na manhã deste sábado (as roupas deles são lavadas aqui em casa), vi, num dos bolsos, um bolinho de papel e o recolhi. Abrindo-o cuidadosamente para não danificá-lo, observei algumas garatujas escritas nele e assim descobri o poema que deu a Pedrinho o segundo prêmio do concurso promovido pelo colégio onde ele estuda. Há três anos meu neto havia abiscoitado o primeiro lugar. 

O manuscrito, contudo, havia sido escrito a lápis e foi com alguma dificuldade que conseguir interpretar o texto de Pedro, que se revela um poeta bastante inspirado, preocupado com questões filosóficas, ação característica da fase adolescente que ele vive, fazendo-me recordar minha própria experiência. Eis o texto, ao mesmo tempo belo e triste:


Humanos?

Se alguém me perguntar,
Ser humano eu não sou
Sou apenas um ser vivo
Que pensa e suporta dor.

Se alguém me questionar,
Não pertenço à Humanidade
Esse grupo de seres
Sem noção da realidade.

Não importa o quanto perguntem,
Eu me vejo assim
Fora de uma sociedade
Mas 100% dentro de mim.

Volto a fazer um pedido simplório
Para ninguém se esquecer
Por favor, eu imploro
Eu apenas quero viver!

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