(off) Cheguei!

"Vovô, estou aqui!"
Eis como ela própria se anuncia, a Sra. Dona Laura, minha dona, ao chegar aqui em casa, pela manhã, com a mamadeira vazia na mão e um sorriso cheio no rosto, pronta para iniciar mais um dia de peraltices, de preferência no colo - ou, no popular, sobre o lombo deste Vovô. Mas apesar das dores resultantes mais do sedentarismo que do exercício físico de suportar os quinze quilos de Laurinha, não há o que seja mais prazeroso que saber-me escolhido, preferido por alguém que, a priori, só está me conhecendo agora, embora eu saiba que a realidade não é esta.
Quando ela diz "Vovô, eu estou aqui!", não é apenas para marcar sua presença junto a mim no exato momento em que pronuncia a frase, mas inconscientemente afirmando seu retorno ao meu convívio. Então, devo estar agradecido, preciso corresponder a seus interesses da melhor forma possível, quero estar perto dela o máximo que possa, a despeito de todo cansaço e de meus interesses e atividades - e ao mesmo tempo lutando para não me apegar a ela nem estar indiferente ou desatento aos outros afazeres, que não são poucos.
Mas, ao ouvir a voz dela, parece que tudo o mais perde a importância e só o que conta é saber que ela está aqui.