quinta-feira, 21 de novembro de 2013

(off) Chororô tecnológico

A mendicância se alastra pelas grandes cidades do país, malgrado os programas de assistência paternalista como as bolsas que preconizam tirar as famílias da faixa de miséria em que se encontram. Prova disso é que muita gente ainda se encontra à margem desse amparo governamental, como um certo catador ou reciclador de materiais que descartamos como lixo que esta manhã dormia junto à barraca que funciona como bar aqui na rua onde moramos. Essa barraca é o ponto de encontro das mães de crianças que vão cedo tomar o carro de tia Marilene, a "mulher do transporte", no rumo da escola onde estudam Pedro e Laura. Preocupada em não deixar que Pedrinho se interessasse pelo "dorminhoco", Mamãe Sal tentava controlar a impetuosidade do menino, que costuma dar voltar em torno da barraca enquanto Marilene aguarda os alunos retardatários. Como Pedro não correspondesse a tais apelos, Sal usa de energia e o obriga a sentar-se no batente que sustenta a barraca e com isso o resultado é um chororô que contudo não logra acordar o reciclador. Com Laurinha pendurada em minhas costas, qual um macaquinho, pergunto a Pedro, para consolá-lo, que ele quer jogar Angry Birds, que ele adora, e chorando ele pondera, pra meu riso:
- Sim, mas aqui não tem tablet, nem computador, nem celular!...

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